A Cushman & Wakefield apresentou o Marketbeat Outono 2022, uma publicação semestral que vai na sua 39.ª edição e que resume a atividade do mercado imobiliário nacional, até ao momento, e as suas perspetivas.

Segundo Eric van Leuven, diretor geral da consultora em Portugal, “Até ao momento, o mercado imobiliário nacional tem um dos seus anos de maior atividade e dinamismo, em que a absorção de escritórios já ultrapassou o record anterior (de 2018), sendo possível que também no caso do investimento institucional seja um dos melhores de sempre. Vivemos, no entanto, um momento peculiar pois, por outro lado, aproxima-se cada vez mais o espectro da recessão devido à guerra na Ucrânia, e aos altos níveis de inflação e taxas de juros, o que, no caso do investimento institucional, poderá resultar em menores níveis de atividade e alguma diminuição de valores dos imóveis”.

A atividade ocupacional, entre janeiro e junho de 2022, registou um decréscimo de 26% quando comparado com o período homólogo, mas ficou acima do volume da primeira metade de 2020, com uma absorção total de 205.200 m². Com perto de 30 negócios, a área média por operação aumentou para os 7.600 m², para o qual contribuíram algumas operações de grande dimensão, entre as quais a aquisição da NewCold das antigas instalações da Elos, em Palmela, com uma área coberta de 40.000 m², o início da construção pela WEG da expansão da sua fábrica em Santo Tirso, com 22.700 m² e o arrendamento da Garland, na Plataforma Logística de Leiria, com uma área de 16.100 m².

Continuando a tendência do ano passado, na primeira metade de 2022 apenas 31% da ocupação correspondeu a projetos desenvolvidos à medida do ocupante, demonstrando um maior dinamismo das operações de venda ou arrendamento. Em relação à distribuição geográfica da procura, mantém-se o domínio das regiões de Lisboa e Porto, que agregaram respetivamente 55% e 18% da absorção. Cerca de 40% da absorção em Lisboa ocorreu no eixo Almada – Setúbal (Zona 2) com 44.100 m² e cerca de 60% na absorção no Porto ocorreu no eixo Valongo – Alfena (Zona 3) com 22.700 m².

Verificou-se também uma subida das rendas prime de mercado para espaços de logística na maioria das zonas, com a Zona 1 em Lisboa (Alverca – Azambuja) a aumentar para os €4,3/m²/mês e no Porto (Maia – Via Norte) a aumentar ligeiramente para os €4,2/m²/mês. O maior incremento registou-se na Zona 5 em Lisboa (Sintra – Cascais) e no Porto (Vila Nova de Gaia), onde as rendas atingiram os €5,2/m²/mês e €4,0/m²/ mês, respetivamente. Adicionalmente, em relação à logística urbana os valores mantiveram-se estáveis no primeiro semestre do ano nos €6,0-7,0/m²/mês em Lisboa e €5,0-6,0/m²/mês no Porto.

No que diz respeito à evolução futura da atividade, Eric van Leuven considera que em 2023 “a guerra da Ucrânia e as suas consequências a vários níveis irão continuar a contribuir para um clima de instabilidade da Europa e, consequentemente, menos propensão ao investimento. O abrandamento da atividade e a subida das yields, já hoje sentidos na maior parte  da Europa, deverão também chegar a Portugal. No caso do investimento institucional, em que o valor do imóvel é condicionado pelo prémio de risco versus investimento denominado “sem risco” (como obrigações do estado alemão, por exemplo), o aumento substancial das taxas de juro fará com que a taxa de rentabilidade exigida pelos investidores seja também mais elevada, afetando o valor. Outros temas transversais para 2023 serão a manutenção de elevados custos de construção e as cada vez maiores exigências em matéria de sustentabilidade, tanto por parte de ocupantes como de investidores.”