A Fashion Revolution – movimento activista internacional do mundo da moda que defende maior transparência nas cadeias de abastecimento do sector – apresentou pelo sexto ano consecutivo o Índice de Transparência da Moda. O de 2021 analisa e classifica 250 das principais marcas e retalhistas de moda de todo o mundo de acordo com a divulgação pública das políticas, práticas e impactos sobre direitos humanos e meio ambiente nas suas operações e cadeias produtivas.
No topo da classificação está a marca italiana OVS, que obteve a maior pontuação em 2021 com 78% (+44% desde 2020), seguida pela H&M com 68%, Timberland e The North Face com 66%, C&A e Vans com 65%, Gildan com 63%, Esprit e United Colors of Benetton com 60%, Tommy Hilfiger, Calvin Klein e Van Heusen com 59%, e Gucci, Target Australia e Kmart Australia com 56%.
A Fashion Revolution destaca a crescente transparência das grandes marcas, mas afirma que o progresso é muito lento em relação a questões-chave, como práticas de compra, salários dignos, superprodução, uso de água e emissões de carbono na cadeia de abastecimento. Nenhuma marca ultrapassou 80% dos 250 pontos possíveis.
No que diz respeito aos que tiveram pior avaliação, entre as grandes marcas 20 obtiveram 0%, incluindo a Belle, Big Bazar, Billabong, Celio, Elie Tahari, Fashion Nova, Heilan Home, Max, Mexx, New Yorker, Quiksilver, Pepe Jeans, Roxy, Tom Ford e Tory Burch e várias empresas caíram na classificação, como a Wrangler, que perdeu 24 pontos entre 2020 e 2021.
O Índice de Transparência visa incentivar grandes marcas a compartilharem dados essenciais para obterem uma maior transparência nas cadeias de abastecimento. Como uma nota positiva, um número cada vez maior de grandes marcas, quase metade (47%), agora revelam os seus fabricantes de primeira linha, em comparação com 13% na primeira edição do índice em 2016. Entre estas, 11% também partilham informações sobre alguns dos seus fornecedores de matérias-primas, em comparação com 7% em 2020 e 0% em 2016.
Contudo, a pandemia afectou globalmente esta indústria e o sector recuou em questões relacionadas, por exemplo, com direitos humanos e meio ambiente. “Os cancelamentos de encomendas durante a crise de COVID-19 por parte das grandes marcas de moda, deixaram milhões de trabalhadores desempregados e sem recursos, enquanto estas continuam a obter benefícios”, destacou a Fashion Revolution. E o pior é que menos de um quinto (18%) das grandes marcas revelaram a percentagem de cancelamentos totais ou parciais dos seus pedidos.
Enquanto isso, os pagamentos aos fornecedores atrasaram e menos de 10% das marcas publicaram uma política de pagamento no prazo de 60 dias, o que significa que os consumidores usam as roupas antes das marcas pagarem ao fabricante que as produziu.
De salientar também que as marcas disponibilizam pouca informação sobre os esforços realizados para lidar com a superprodução, o uso de plásticos e desperdícios, apesar da urgência de acção neste campo. Apenas 14% das marcas revelaram o número total de produtos que produzem a cada ano, o que dificulta a compreensão do alcance da superprodução global. Por isso, aquela entidade pede uma legislação mais forte para evitar abusos e salvaguardar direitos humanos e o meio ambiente para os trabalhadores da indústria da moda, bem como que seja exigido às empresas que supervisionem e comuniquem os resultados dos seus esforços, incorrendo em sanções pesadas em caso de incumprimento.