De acordo com a consultora Worx, através do último relatório sobre o mercado industrial e logística, no primeiro semestre de 2020, o interesse pelo sector na Europa tem vindo a crescer, em grande parte devido aos avanços tecnológicos, ao boom do e-commerce e ao facto das yields continuarem bastante atractivas face a outros sectores.

No primeiro semestre de 2020 as prime yields nos principais mercados europeus voltaram a apresentar variações homólogas negativas, particularmente em Viena (-16,7%), Paris (-11,1%) e Praga (-9,1%). Relativamente às cidades alemãs, Berlim, Frankfurt, Hamburgo e Munique continuam a marcar as prime yields mais baixas do mercado, na ordem dos 3,70%, enquanto Lisboa e Varsóvia voltam a destacar-se com a prime yield mais alta do mercado europeu (6,25%).

“Recentemente, este sector foi crucial para garantir a actividade e entrega de todos os bens essenciais durante o período de confinamento, relembrando a importância desta actividade para a economia global”, comenta a Worx, acrescentando que a área “também foi vista como um porto seguro para os investidores neste período de incerteza”.

No relatório da empresa pode ainda ler-se que “é expectável que algumas estruturas logísticas que prestam serviços ao segmento de retalho (não-alimentar, por exemplo, entre outras), possam de facto vir a ser afectadas pela queda da procura. Como consequência, poderemos vir a assistir a algumas mudanças estratégicas por parte das empresas, uma vez que procurar-se-á reduzir o risco de exposição a fornecedores externos (prevenindo possíveis disrupções na cadeia logística), mas com o desafio de melhorar o serviço e a optimização do tempo de entrega – uma clara exigência entre os consumidores que realizam compras online”, apresentando como possível solução passar por uma estratégia de nearshoring, ao invés de outsourcing, dependendo da indústria.

A Worx também destaca que o foco dos operadores continuará a ser a localização estratégica (nomeadamente espaços destinados à última milha), no entanto, não esconde que a prioridade também está na procura por espaços modernos ou numa fase de transição para a indústria 4.0. “Por outro lado, alguns inquilinos poderão ter a iniciativa de investir em tecnologia mais avançada e ajustada às necessidades das suas operações; mas, em contrapartida, procurarão contratos de maior duração por forma a tirar o máximo proveito do seu investimento”, explica ainda a empresa.

Em termos de tentar prever a movimentação do mercado, a Worx antecipa que devido a esta tendência de crescente procura e de escassa oferta de plataformas logísticas que cumpram os requisitos do mercado português, os preços das rendas irão aumentar ao longo dos anos. “Contudo, tendo em conta que o contexto actual do sector ainda se resume a várias renegociações, decisões adiadas e moratórias, no curto-prazo, não se esperam descidas de rendas, apenas uma manutenção das rendas actuais e um alívio da procura de espaços, a par de um aumento dos incentivos por parte dos proprietários”, pode ainda ler-se.

Lisboa apresentou um custo médio de 5 euros/m2 mensais no mercado prime, 1,4 euros/m2 abaixo da média dos principais mercados europeus, enquanto que na Europa, em termos homólogos, a renda efectiva líquida subiu em cerca de 1%, e também nesta se perspectiva uma pressão descendente nas rendas de algumas cidades europeias.

As maiores subidas apontadas são das cidades de Dublin (+0,33 euros), Frankfurt (+0,30 euros), Varsóvia (+0,18 euros) e Barcelona (0,17 euros).