Na passada quarta-feira foi assinado um protocolo entre a empresa britânica INEOS Automotive e a Câmara Municipal de Estarreja para a construção de uma fábrica de automóveis todo-o-terreno no Eco Parque Empresarial de Estarreja.

“É um investimento na ordem dos 250 milhões de euros, vai ocupar uma massa de terreno na ordem dos 350 mil metros quadrados”, conta o presidente da Câmara Municipal de Estarreja, Diamantino Sabina, ao Jornal Económico. Para a compra de terrenos, a britânica negociou ainda a compra de várias parcelas de terreno com a Bondalti Chemical (ex-CUF), do grupo José de Mello.

Os envolvidos esperam que as obras comecem ainda este ano, em Abril, e que as primeiras unidades sejam produzidas no primeiro semestre de 2022. “A construção da unidade não chegará a dois anos. Depois começam os testes de produção, até sair a primeira unidade em 2022”, revela o autarca. Na sua capacidade máxima, a fábrica irá produzir cerca de 25 mil SUV por ano.

Segundo Diamantino Sabina, trata-se de uma “unidade industrial muitíssimo moderna em termos tecnológicos. É uma linha de montagem versátil, porque a qualquer altura podem produzir um modelo completamente diferente, até de uma marca diferente. Tem essa capacidade de poder introduzir outros modelos, o que permite à empresa fazer negócios com outras marcas, produzindo outros modelos de outras marcas”.

A INEOS Automotive já conta com protótipos do novo modelo Grenadier, que irá entrar em testes no final desde mês, sendo revelado no final do ano. Prevê-se que seja lançado para o mercado no final de 2021. A unidade de Estarreja ficará responsável pela carroçaria, pelo chassis (que será fornecido pela Toyota Caetano, em Ovar), e pela pintura, podendo no futuro vir também a produzir veículos. Para já, a montagem final será feita em Bridgend, em Gales do Sul.

Mark Tennant, director comercial da INEOS Automotive, revelou ao Dinheiro Vivo que “há ainda muito trabalho para fazer, porque apenas agora conseguimos concretizar a aquisição de todos os terrenos, mas estamos a avançar. Será um calendário apertado, mas estamos confiantes de que poderemos cumprir todos os prazos”.

“Tomámos a decisão de vir para Portugal, porque houve muitas pessoas que trabalharam muito duro para fazer isto funcionar”, comenta Dirk Heilmann, destacando os esforços por parte da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), pela autarquia local e pelo Governo português. Segundo Mark Tennant, houve ainda outros factores envolvidos: “Um deles foi a cadeia pan-europeia de fornecimento para construir veículos na Europa e parte do foco em Portugal foi o facto de aí podermos estar em contacto próximo com empresas que estão na Península Ibérica, como a Gestamp, da qual somos bastante próximos, ou também a Caetano, com a qual estamos próximos para algum potencial envolvimento nalguns aspectos do desenvolvimento”.

O autarca conta que inicialmente a INEOS se encontrava a estudar outro município, mas que os convenceram que ali seria o local ideal. “Este investimento é importantíssimo para Estarreja, dará um impulso fundamental à economia local e regional. Acredito até que esta unidade industrial será um marco histórico no desenvolvimento económico de Estarreja”.