O primeiro relatório anual da DHL, ‘First Resilience360 Risk Report’, revelou os principais factores que prejudicaram a cadeia de aprovisionamento mundial, no ano de 2018. Entre as principais causas deste impacto negativo estão problemas relacionados com o clima, que afectaram o transporte de mercadorias, ataques informáticos que tiveram como alvo os artigos da cadeia de aprovisionamento, ou paralisações em zonas industriais que prejudicaram a produção.

O relatório revelou o clima de incerteza que ocorreu durante o ano de 2018, devido à guerra comercial entre os EUA e a China, como um grande factor de influência no desempenho da cadeia de aprovisionamento. Os EUA impuseram tarifas sobre os produtos chineses, totalizando 218 mil milhões de euros em mercadorias. Em forma de resposta, a China impôs também tarifas de importação sobre os produtos norte-americanos.

Onde também se fez sentir este clima de incerteza foi nas relações comerciais entre a União Europeia e o Reino Unido, no que diz respeito ao Brexit. Muitas empresas começaram a delinear planos de contingência para diminuir o impacto negativo de um Brexit sem compromisso, pois receiam que se possam criar constrangimentos nas fronteiras e atrasos nos portos devido a novos controlos aduaneiros.

Outro dos factores que afectou a supply chain está relacionado com ataques cibernéticos. Os autores destes crimes encaram a cadeia de abastecimento e infra-estruturas de transporte como um alvo atraente, de forma a obter segredos comerciais ou apenas causar transtornos a nível económico. Em 2018, a Resilience360 registou um total de 65 ataques cibernéticos que tiveram impacto na cadeia de aprovisionamento. Estes crimes ocorreram a nível marítimo, aéreo e em operações fabris.

As alterações climáticas fizeram-se sentir com grande peso no ano de 2018, sendo considerado o quarto ano mais quente de que há registo. Para além das ameaças causadas por este factor para o comércio e economias globais, os incêndios, as secas, o baixo nível de água e as grandes quantidades de gelo derretido, tiveram um grande impacto na cadeia de abastecimento.

Uma das causas que também prejudicou a performance da cadeia de aprovisionamento consistiu no congestionamento dos portos, que enfrentaram uma série de desafios desde condições meteorológicas adversas a greves impulsionadas por mudanças políticas e governamentais. Estes constrangimentos originaram fechos temporários, atrasos e calendários imprevisíveis que afectaram as operações de carga nos portos, como foi o caso de Lisboa.

As cadeias de abastecimento que dependem do transporte rodoviário sofreram, em 2018, com greves de transporte de carga e protestos devido ao aumento dos preços dos combustíveis, que atingiram países da Europa, América-Latina, Ásia e África. Confrontados com este incremento, os profissionais do sector bloquearam as principais rodovias e vias de acesso aos aeroportos e portos, originando escassez de combustível e causando transtornos vários no tráfego rodoviário de cargas.

De forma a reduzir o impacto ambiental das operações industriais, os governos de muitos países concentraram os esforços e impuseram paralisações temporárias, ou mesmo permanentes, em áreas onde os limites de poluição eram excedidos. Em 2018, houve diversos shutdowns em zonas industriais, por parte dos governos, principalmente, da China e Índia. Estes constrangimentos afectaram, de igual forma, a cadeia de aprovisionamento, uma vez que, se a produção é menor, a distribuição também diminui.

Além de todos estes desafios registados em 2018, as empresas poderão ainda ter custos adicionais e sentir uma maior incerteza devido à escassez de matérias-primas ou à maior rigidez nas regulamentações ambientais.

De acordo com a DHL, o aumento da procura combinado com a fragilidade da cadeia de abastecimento, causada pela instabilidade política e paralisações, podem resultar numa maior escassez de matérias-primas.

Segundo Shehrina Kamal, Directora Risk Intelligence da Resilience360, afirma “as cadeias de aprovisionamento modernas são frágeis. Atrasos nos transportes, roubos, desastres naturais, condições climatéricas adversas, ataques à segurança informática e problemas inesperados de qualidade podem perturbar os fluxos, criando custos adicionais a curto prazo e desafios nas entregas”.