Sofia Pereira Lopes, logistics consultant, partilha uma reflexão sobre a importância do Inventory Turnover enquanto indicador-chave na gestão das operações. Este indicador é essencial para determinar o estado atual da operação, mas não basta saber a fórmula. É preciso saber fazer a sua leitura.
Na gestão da supply chain, há indicadores que parecem distantes da realidade do dia a dia: técnicos, frios, quase abstratos. Mas há outros que, quando bem compreendidos, dizem tudo sobre o que está realmente a acontecer na operação. O Inventory Turnover, ou rotação de stock, é um desses indicadores.
De forma simples, o Inventory Turnover mostra quantas vezes o stock é renovado num determinado período. Na prática, diz-nos se o stock está a trabalhar, ou apenas a ocupar espaço. Quem vive a operação sabe: stock parado não é neutral. Tem impacto. E custa.
Quando a rotação é equilibrada, o stock flui, o capital roda, o risco diminui e a operação ganha agilidade. Quando é demasiado baixa, o sinal é claro: existe capital empatado, maior risco de obsoletos, espaço ocupado sem retorno e custos que se acumulam silenciosamente. É potencial que existe, mas que não está a ser aproveitado.
Por outro lado, uma rotação demasiado elevada também merece atenção. Pode indicar uma operação a funcionar no limite, com pouca margem de segurança e elevada exposição a ruturas. É o ritmo acelerado demais, aquele em que qualquer imprevisto, por pequeno que seja, pode comprometer o nível de serviço ao cliente.
O cálculo do Inventory Turnover é simples: Inventory Turnover = Custo das Mercadorias Vendidas / Stock Médio.
Mas o verdadeiro valor deste indicador não está na fórmula. Está na leitura que fazemos dela. Um valor equilibrado tende a refletir saúde operacional. Um valor demasiado baixo aponta para excesso. Um valor demasiado alto pode revelar fragilidade. E quando o indicador não evolui ao longo do tempo, muitas vezes o problema não está no stock, mas na forma como a operação pensa, decide e se adapta.
No fundo, o Inventory Turnover funciona como um termómetro da operação. Mostra se o stock está vivo, a circular e a criar valor, ou se está apenas a ocupar espaço, a consumir recursos e a atrasar decisões. Revela o grau de alinhamento entre planeamento, execução e estratégia.
A supply chain não é apenas uma sequência de processos. Quem está no terreno sabe: é movimento, equilíbrio e escolhas feitas em tempo real. Fazer chegar o produto certo, no momento certo e na quantidade certa exige ritmo. Nem lento, nem excessivamente acelerado, mas no ritmo certo. E é precisamente a rotação de stock que ajuda a marcar esse compasso.
Mais do que olhar para o Inventory Turnover como um número isolado, importa usá-lo como uma ferramenta de reflexão contínua. Porque uma operação madura não é aquela que corre mais depressa, é aquela que sabe quando acelerar, quando abrandar e, sobretudo, porquê.
Sofia Pereira Lopes, Logistics Consultant



