Lisboa tem a primeira parafarmácia totalmente autónoma da Europa, equipada com tecnologia de inteligência artificial e visão computacional da Sensei. O conceito Pharma&Go, em operação 24 horas por dia, introduz um novo modelo operacional no retalho de saúde, com impacto direto na eficiência, gestão de stocks e experiência de compra.
A automação do retalho físico entra numa nova fase com a abertura, em Lisboa, da primeira parafarmácia 100% autónoma da Europa. Localizada no Parque das Nações, a Pharma&Go opera num modelo grab&go e funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, suportada integralmente por tecnologia de inteligência artificial e visão computacional da Sensei, empresa europeia especializada em soluções de loja autónoma.
Com uma área de 90 m², o espaço está organizado como uma parafarmácia convencional, mas elimina por completo o processo tradicional de checkout. O acesso é feito através de check-in com cartão bancário, permitindo ao cliente circular livremente, selecionar os produtos e sair da loja sem qualquer interação humana no momento de pagamento. O valor é debitado automaticamente à saída.
Infraestrutura tecnológica aplicada à operação
A solução implementada assenta numa arquitetura tecnológica desenhada para garantir precisão operacional, escalabilidade e privacidade. A tecnologia Sensei combina:
- Visão computacional em tempo real, responsável pela leitura contínua do ambiente da loja e do movimento dos produtos;
- Modelos de inteligência artificial que identificam, com elevada precisão, os artigos retirados e repostos nas prateleiras;
- Conceito de real-time basket, que atualiza automaticamente o cesto digital de cada cliente ao longo da experiência de compra;
- Sistemas de autenticação e faturação integrados, eliminando caixas de pagamento e reduzindo pontos de fricção;
- Processamento híbrido (local e cloud), garantindo resposta imediata e fiabilidade mesmo em períodos de maior fluxo.
Um dos elementos críticos do sistema — particularmente relevante no setor da saúde — é a proteção da privacidade. A tecnologia opera sem câmaras pessoais, sem identificação biométrica e sem recolha de dados sensíveis, focando-se exclusivamente na análise do comportamento dos produtos e do espaço, e não das pessoas.
Impacto direto na eficiência e na gestão da cadeia de abastecimento
Embora orientado para o consumidor final, o modelo Pharma&Go tem implicações claras ao nível das operações, logística e gestão de inventário no retalho de saúde. A automação permite:
- Maior rigor no controlo de stocks, com visibilidade contínua sobre o estado das prateleiras;
- Redução de tarefas operacionais repetitivas, libertando recursos para funções de maior valor;
- Melhor planeamento de reposições, com base em dados de consumo em tempo real;
- Diminuição de erros humanos e perdas operacionais, críticas em categorias com elevada rotatividade;
- Operação 24/7, sem aumento proporcional de custos de pessoal, graças à automação dos processos-chave.
Segundo Catarina Dias, farmacêutica especialista em farmácia comunitária e proprietária da Pharma&Go, cerca de 80% das compras em farmácia correspondem a produtos recorrentes, que não exigem aconselhamento especializado. Este fator torna o modelo autónomo particularmente adequado para responder a padrões de consumo previsíveis, mantendo a disponibilidade permanente e a conveniência.
Um marco na digitalização do retalho de parafarmácia
Para Vasco Portugal, CEO e Co-Founder da Sensei, a abertura da primeira parafarmácia totalmente autónoma da Europa “demonstra como a inteligência artificial e a visão computacional podem transformar setores inteiros”, sublinhando o potencial destas tecnologias para criar experiências de compra mais rápidas, seguras e eficientes, mesmo em segmentos altamente regulados.
O projeto resulta de uma parceria entre a Sensei e a Glintt Life, marca da Glintt Global dedicada ao setor da saúde, que desenvolveram em conjunto um conceito ajustado às exigências operacionais e regulamentares das farmácias e parafarmácias.
Com esta abertura, Lisboa posiciona-se como cidade pioneira na adoção de modelos autónomos no retalho de saúde, e o mercado português reforça o seu papel como laboratório de inovação para soluções de automação aplicadas ao comércio físico, com impacto crescente nas operações, na logística e na gestão da cadeia de abastecimento.



