Num setor onde a pressão pelos resultados é constante, Sónia Moura lembra que há um elemento decisivo que continua a ser subvalorizado: o compromisso das pessoas. Sem ele, diz, nenhum líder sustenta a performance e nenhuma operação alcança o seu verdadeiro potencial.
O mundo do trabalho é cada vez mais exigente. Em cima da mesa estão permanentemente os custos, a produtividade, os pedidos “fora da caixa”, e uma disponibilidade extrema para evitar dizer “não” a qualquer eventualidade.
Na logística fala-se de prazos, eficiência, resultados e tantos outros aspetos que deixam as empresas no limite para servir os clientes “on time”. Aos líderes exige-se precisão, rigor, organização e, sobretudo, rapidez na capacidade de resposta das suas equipas.
No entanto, existe um fator silencioso, que poucas vezes olhamos, mas cuja ausência influencia todos os outros: o compromisso de cada pessoa por trás de cada operação.
Um líder pode definir objetivos, organizar processos e antecipar desafios. Mas quando o compromisso é frágil, a liderança torna-se um esforço solitário. Os problemas acumulam-se, os erros repetem-se e a pressão recai, quase sempre, sobre quem orienta.
A médio prazo, o resultado é previsível: desgaste, frustração e perda de motivação, gerando chefias enfraquecidas e equipas sem estratégia, onde resultados menos conseguidos concorrem com a incapacidade de mudar o rumo dos acontecimentos.
Numa primeira análise, facilmente atribuímos a baixa performance a uma coordenação ineficaz. No entanto, a verdade é só uma: nenhum líder resiste à ausência de empenho. Liderar é orientar, mas o compromisso é sempre uma escolha de cada um.
A liderança exige exemplo, mas também implica resposta. Não se constrói performances sustentáveis apenas com ordens ou com intenção. O sucesso é sempre fruto de uma responsabilidade partilhada entre todos.
Processos bem definidos perdem valor quando não são respeitados e sistemas eficientes falham quando não existe ação consciente. O compromisso liga a técnica à operação, o esforço ao resultado e a estratégia à eficiência.
O sucesso não depende apenas de saber fazer, mas de querer fazer bem, de forma consistente e autêntica. Por isso a liderança começa no interior de cada um de nós. Uma liderança consciente, baseada na clareza do propósito, na responsabilidade da missão e na maturidade de fazer acontecer.
No entanto, este princípio não deve aplicar-se apenas a quem lidera, mas a todos os que fazem parte da estrutura. Equipas conscientes constroem líderes mais eficazes. E líderes conscientes desenvolvem equipas mais responsáveis.
Porque quando cada pessoa compreende o impacto do seu comportamento e escolhe comprometer-se, o trabalho deixa de ser apenas uma tarefa e passa a ser uma contribuição. E isso transforma equipas, fortalece líderes e humaniza resultados, potenciando operações mais eficientes, fiáveis e duradouras.
É aqui que se abre o espaço e cada vez mais a necessidade de conhecermos as “nossas pessoas”, as suas competências e fragilidades, o que as motiva e o que as bloqueia, para que, uma vez mais com consciência, possamos identificar o potencial, apoiar o desenvolvimento e promover o desempenho, criando uma autentica máquina de elevada performance, comprometida com a empresa e com as suas chefias, de forma real e autêntica, porque todos se sentem vistos pela estrutura e identificados com os objetivos, a que se propõem.
Liderar não é caminhar à frente, é avançar com uma equipa que compreende que o seu papel é tão importante quanto o de quem direciona o percurso e o compromisso não se impõe, é uma escolha que se faz, todos os dias!
Sónia Moura, Managing partner | EOC – Endless Opportunities Consulting



