A 20.ª edição do Millennium Portugal Exportador confirmou o que os números já antecipavam: num ano em que as exportações nacionais voltam a acelerar, crescendo 14,3% em setembro face ao período homólogo, a logística e o freight assumem um papel central na capacidade das empresas portuguesas competirem além-fronteiras.

Realizado no Europarque, em Santa Maria da Feira, o evento reuniu 3.000 empresários, mais de 120 expositores e 100 oradores, num encontro que se tornou, ao longo das últimas duas décadas, o maior palco nacional dedicado à internacionalização e à eficiência das cadeias de abastecimento.

Com uma forte presença institucional — incluindo o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, e o Ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Saraiva Matias — a edição 2025 centrou-se nos três vetores que hoje moldam o setor logístico global: digitalização, inovação e sustentabilidade.

Estas temáticas foram abordadas numa perspetiva operacional, discutindo a necessidade de cadeias de abastecimento mais eficientes, flexíveis e transparentes. Entre os temas mais destacados estiveram:

  • a aplicação de IA e automação nos fluxos logísticos;

  • a digitalização documental e a redução da burocracia nas exportações;

  • a rastreabilidade multimodal;

  • a descarbonização do transporte e o impacto direto nos mercados europeus;

  • o papel dos operadores logísticos como aceleradores de internacionalização.

Para muitas PME presentes, estas são as áreas onde mais sentem pressão e onde o investimento pode significar a diferença entre ganhar escala ou perder competitividade.

A diversidade de setores presentes, da indústria ao agroalimentar, passando pelo têxtil, metalomecânica e tecnologias, reforçou um elemento transversal: nenhuma estratégia exportadora é bem sucedida sem uma cadeia logística robusta, fiável e capaz de responder ao ritmo dos mercados globais.

Os expositores incluíram operadores logísticos, transitários, empresas de packaging, softwares de gestão de transporte e consultoras, evidenciando que a logística deixou de ser apenas suporte, sendo hoje fator crítico de diferenciação comercial.

O networking entre exportadores, operadores, compradores e câmaras de comércio resultou num ambiente orientado para oportunidades concretas. Segundo os números da organização:

  • 70% dos participantes fizeram contactos úteis para o negócio

  • 97% pretendem regressar

  • A satisfação atingiu 96,9%

Indicadores que mostram que a logística — cada vez mais digital e multimodal — está no centro da proposta de valor do evento.

Web Buyers: novas rotas, novas exigências logísticas

O programa Web Buyers, um dos pontos-chave da edição, trouxe compradores de mercados como Brasil, Espanha, Marrocos e Reino Unido, revelando o potencial de expansão das exportações para geografias que exigem modelos logísticos distintos:

  • o mercado espanhol continua a ser a “última milha natural” do tecido exportador português;

  • o Brasil representa operações de long haul, com requisitos específicos de documentação, seguros e transitários especializados;

  • Marrocos reforça a sua posição como porta africana e hub industrial;

  • o Reino Unido mantém elevada procura por produtos portugueses, apesar da complexidade logística pós-Brexit.

Para os operadores presentes, o Web Buyers funcionou como radar das necessidades logísticas reais das empresas e como catalisador de novos fluxos de freight.

Ao longo das duas últimas décadas, o Portugal Exportador evoluiu de uma feira de internacionalização para uma plataforma estratégica, onde se cruzam exportadores, operadores logísticos, transitários, consultores, entidades diplomáticas e compradores internacionais.

A edição de 2025 reforçou precisamente essa vocação: não apenas gerou contactos, mas estimulou a reflexão sobre como Portugal pode competir num mercado onde cada minuto conta, cada emissão é medida e cada operação logística precisa de ser otimizada.

Num setor onde a eficiência e a capacidade de resposta definem a competitividade, a logística volta a assumir o seu papel de espinha dorsal das exportações portuguesas. O Portugal Exportador 2025 destacou precisamente essa vertente.