As exportações portuguesas de curtumes cresceram 5,8% até setembro de 2025, impulsionando a atividade logística e o transporte internacional, sobretudo nos mercados de Espanha, Itália e França, segundo dados do Gabinete de Estudos da APICCAPS.

As exportações portuguesas de curtumes estão a consolidar a recuperação iniciada em 2024, registando um crescimento de 5,8% nos primeiros nove meses de 2025, num total de 81 milhões de euros movimentados para o exterior. O setor, altamente dependente de fluxos internacionais de transporte rodoviário e marítimo, reforça assim o seu papel na fileira exportadora nacional.

De acordo com os dados divulgados pelo Gabinete de Estudos da APICCAPS, Espanha continua a ser o principal destino, embora com uma ligeira quebra (–4,6% para 17 milhões de euros). Já Itália e França acentuaram a procura: +8,7% para 13 milhões de euros e +31,2% para 11 milhões de euros, respetivamente, tratando-se de dois mercados que exigem níveis elevados de certificação, prazos rigorosos e operações logísticas eficientes.

Para a APICCAPS, este desempenho resulta da “recuperação da procura externa e do esforço contínuo de modernização produtiva”, associado à capacidade das empresas nacionais responderem com agilidade às pressões de custos e às exigências ambientais. Na perspetiva logística, estes números mostram um setor que recupera tração e volta a aumentar volumes de transporte internacional.

Impacto logístico e importância para a cadeia de produção

O reforço das exportações de curtumes traduz-se diretamente num incremento de operações de transporte, desde o abastecimento de matérias-primas à expedição para destinos europeus. O setor é, assim, um elo crítico na competitividade de toda a fileira couro-calçado.

“A indústria de couro forte assegura matéria-prima de alto padrão aos fabricantes nacionais, reforçando a competitividade global da fileira”, sublinha a APICCAPS. Para operadores logísticos, significa também maior previsibilidade no planeamento de cargas e continuidade de fluxos regulares para os principais mercados europeus.

Esta associação tem também intensificado iniciativas de promoção internacional, procurando “desmistificar preconceitos” e reforçar os argumentos competitivos do couro como matéria-prima premium. Para Luís Onofre, presidente da associação, “o couro é indiscutivelmente a melhor matéria-prima disponível no mercado”.

O setor lembra ainda que:

  • O consumo global de carne continua a crescer, garantindo disponibilidade de matéria-prima até pelo menos 2033 (OCDE);

  • A indústria de calçado assenta num modelo circular, aproveitando subprodutos da produção alimentar;

  • A durabilidade do calçado em couro prolonga o ciclo de vida do produto, reduzindo a necessidade de reposição frequente.

 

Apesar da performance positiva, a APICCAPS reconhece que todos os materiais têm desafios pela frente no que toca à sustentabilidade. A modernização dos processos de curtimento e o desenvolvimento de soluções de menor impacto estão entre as prioridades, nomeadamente no âmbito do projeto BioShoes4All, conduzido em parceria com o Centro Tecnológico do Calçado.

FOTOGRAFIA: APICCAPS