Com a convergência inédita entre a Agenda NEXUS e o programa europeu D2XCEL, a conferência que arrancou ontem no Porto de Sines tornou-se palco de uma das discussões mais completas sobre inovação portuária na Europa, cruzando investigação académica, tecnologia emergente, sustentabilidade energética e a visão estratégica de portos líderes à escala global.
O primeiro dia da Conferência Internacional de Inovação NEXUS x D2XCEL confirmou Sines como um dos polos europeus mais ativos na construção de portos sustentáveis, inteligentes e tecnologicamente avançados.
O encontro arrancou com a apresentação conjunta do NEXUS e do D2XCEL, num momento que estabeleceu desde logo o tom dos trabalhos: dois ecossistemas complementares que se encontram em Sines para alinhar visões, comparar práticas e acelerar soluções num setor pressionado pela neutralidade carbónica, pela digitalização profunda e pela crescente volatilidade das cadeias logísticas globais.
Na sessão de abertura, Pedro do Ó, presidente da APS, destacou a importância desta convergência, sublinhando que a cooperação deixou de ser um valor desejável para se tornar uma condição obrigatória em tempos marcados por exigências regulatórias, novos modelos energéticos e ameaças digitais. A sua intervenção enquadrou os dois dias como um exercício de diálogo estruturado, onde projetos europeus pioneiros — desde a cibersegurança à inteligência artificial aplicada à eficiência portuária — se cruzam com testemunhos de autoridades portuárias de referência como Singapura, Antuérpia-Bruges ou Rio de Janeiro, e com a investigação académica que continua a moldar os futuros modelos operacionais do setor.
Sines na transformação dos portos do futuro
A manhã evoluiu com a discussão dos grandes desafios que atravessam a indústria marítima e logística, colocando frente a frente visões asiáticas, europeias e sul-americanas. Da digitalização à gestão de risco, da integração intermodal ao impacto geopolítico nas rotas, os oradores reforçaram a urgência de acelerar a interoperabilidade e adotar tecnologias que aumentem a eficiência sem comprometer as metas ambientais.
A tarde abriu espaço às soluções de IA e automação que estão a redesenhar a operação portuária e a cadeia logística, combinando contributos de grandes empresas, consultoras e startups que trouxeram a Sines exemplos concretos de aplicação no terreno.
Ao longo do dia, ficou clara a intenção da APS de posicionar Sines como laboratório vivo para testar, validar e escalar inovação portuária. Pedro do Ó falou num porto que se habituou a “ousar ir além”, evocando um ADN de ambição que explica a aposta em parcerias estratégicas, no desenvolvimento de energia limpa, na digitalização avançada e no trabalho estreito com universidades e empreendedores.
Essa visão foi reforçada pelas apresentações técnicas, pelas histórias de sucesso e pela diversidade de interlocutores presentes em Sines, que vão da indústria pesada à mobilidade elétrica, da infraestrutura energética às plataformas digitais de nova geração.
A conferência prossegue hoje, com temas decisivos para o futuro dos portos, incluindo cibersegurança e resiliência digital, descarbonização marítima e novos modelos colaborativos de inovação, e contará novamente com contributos de referência da Europa e da Ásia.
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