A indústria automóvel europeia prepara-se para sofrer interrupções na produção devido à falta de chips. Em causa está um conflito entre os Países Baixos e a China, em torno da empresa Nexperia, que o governo neerlandês nacionalizou.

No dia 30 de setembro, o governo de Haia assumiu o controlo da Nexperia, uma subsidiária do grupo chinês Wingtech, alegando preocupações com a segurança da propriedade intelectual. Em resposta, Pequim proibiu as exportações dos chips produzidos pela empresa, cuja produção é canalizada, em 60%, para os principais fabricantes do setor automóvel, como a BMW e a Volkswagen.

A unidade chinesa retomou a venda de chips, mas apenas para o mercado interno, pelo que os fabricantes europeus continuam a viver uma situação de incerteza. Fontes citadas pela agência Bloomberg indicam que, a manter-se esta situação, os principais fornecedores começarão a ser afetados dentro de uma semana, com todo o setor a ser abrangido no espaço de dez a vinte dias.

Um desses fornecedores é a Bosch, que, contactada pelo jornal online ECO, disse estar em contacto próximo com a Nexperia e esperar uma resolução rápida que permita aliviar o estrangulamento.

A Bosch fornece componentes e chips para a indústria automóvel, incluindo a Autoeuropa. Fonte oficial da fábrica de Palmela, citada pelo site, afirmou que não está, para já, prevista qualquer paragem da produção.

No entanto, um porta-voz da Volskwagen, na Alemanha, admitiu, à televisão CNBC, que “dadas as circunstâncias em evolução, efeitos de curto prazo na produção não podem ser descartados”.

Também o governo alemão está preocupado com as possíveis dificuldades na cadeia de fornecimento de chips para o setor automóvel, tendo anunciado estar em negociações com todos os envolvidos para encontrar uma solução.

Por sua vez, a ACEA – Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis lembrou que, “sem estes chips, os fornecedores automóveis europeus não conseguem fabricar as peças e os componentes necessários para abastecer os construtores, ameaçando interromper a produção”.  Segundo a associação, os stocks atuais de chips da Nexperia devem durar apenas algumas semanas.