A partir de 14 de outubro de 2025, todos os navios de propriedade, operação ou construção norte-americana que atracarem em portos chineses passam a estar sujeitos a uma taxa de 400 yuan (cerca de 56 dólares) por tonelada líquida, por viagem. A medida, anunciada pelo Ministério dos Transportes da China, surge como resposta direta às tarifas portuárias impostas pelos Estados Unidos a embarcações chinesas.
Segundo Pequim, trata-se de uma “contramedida necessária” face às práticas “discriminatórias” de Washington, que começam também a vigorar no mesmo dia. Nos Estados Unidos, as novas taxas aplicam-se a navios de bandeira, propriedade ou operação chinesa, com um valor inicial de 50 dólares por tonelada líquida, a aumentar anualmente até 2028.
As autoridades chinesas afirmam que as taxas norte-americanas “prejudicam gravemente os interesses legítimos da indústria marítima chinesa” e “ameaçam a ordem económica e comercial internacional”. As tarifas chinesas, por sua vez, deverão aumentar progressivamente até 1.120 yuan (cerca de 157 dólares) por tonelada líquida em 2028, sendo aplicadas no máximo cinco vezes por navio, por ano.
De acordo com analistas do setor, as novas medidas poderão alterar a alocação de frotas e as rotas de transporte, uma vez que os operadores procuram evitar portos onde as tarifas são mais elevadas. Embora o impacto direto seja limitado — já que os Estados Unidos detêm apenas 0,1% do mercado mundial de construção naval —, o efeito simbólico e político é significativo, reforçando o clima de incerteza no comércio marítimo global.
O episódio ocorre a poucas semanas do encontro previsto entre Donald Trump e Xi Jinping à margem do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul, e soma-se a novas restrições chinesas à exportação de terras raras e tecnologia de baterias anunciadas nos últimos dias.
A escalada de medidas e contramedidas poderá traduzir-se em custos adicionais para operadores, transitários e exportadores, com impacto potencial nas tarifas de frete e na estabilidade das cadeias de abastecimento que dependam das ligações EUA–Ásia.
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