O novo relatório da Savills, “Defence Logistics 2025”, revela que o aumento da despesa em defesa, impulsionado pela Revisão Estratégica de Defesa do Reino Unido (SDR) e pelos compromissos da NATO, deverá traduzir-se numa procura acrescida de imóveis industriais e logísticos em toda a Europa e no Reino Unido.
A consultora estima que, até 2033, esta tendência possa resultar em 37 milhões de m² adicionais de espaço industrial e logístico, face aos cerca de 35 a 40 milhões de m² atualmente associados ao setor da defesa. O crescimento deverá concentrar-se sobretudo no Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha.
A projeção decorre da nova meta definida pela NATO na cimeira de junho de 2025, que estabelece o investimento de 3,5% do PIB em capacidades militares essenciais. Com base neste objetivo, a Savills calcula que a procura industrial e logística na Europa possa aumentar em 17% face à absorção de 30 milhões de m² registada em 2024.
“Tal como acontece em muitas indústrias transformadoras, o setor da defesa beneficia amplamente das economias de aglomeração. (…) Contudo, importa referir que o setor da defesa apresenta requisitos imobiliários muito específicos, o que significa que responder a esta procura não será tão simples como acontece com operadores logísticos ou de retalho tradicionais”, sublinha Sam Quellyn-Roberts, Director EMEA Industrial & Logistics Occupational Markets da Savills.
Impacto em Portugal
Embora Portugal não seja ainda um player direto no setor da defesa, a Savills considera que o país poderá beneficiar de forma indireta. O aumento da procura nos mercados europeus centrais exercerá pressão sobre outras indústrias, potenciando a sua relocalização para geografias mais competitivas.
“Portugal não é hoje um player direto no setor da defesa, mas beneficiará certamente do efeito de transbordo que este aumento de procura vai gerar na Europa. (…) O resultado será uma maior atratividade do país para operações industriais e logísticas, reforçando o papel de Portugal como plataforma de produção e distribuição no espaço europeu”, afirma Tiago Cortez, Industrial, Logistics & Data Centres Associate da Savills Portugal.
O caso do Reino Unido
Na realidade britânica, a Savills estima que a meta da NATO poderá gerar 3 milhões de m² adicionais de procura logística até 2033, o equivalente a uma absorção anual de 423.000 m², volume comparável ao ocupado pelos grandes retalhistas de rua e que representa cerca de 13% da absorção total do país.
Segundo Andrew Blennerhassett, Associate Director do Industrial & Logistics Research team da Savills, o setor da defesa enfrentará desafios particulares: “Ao contrário de outros ocupantes comerciais, as organizações de defesa têm de lidar com protocolos de segurança rigorosos, sensibilidades geopolíticas e requisitos de infraestruturas muito específicos, competindo ao mesmo tempo com setores em rápido crescimento, como o e-commerce e a produção, pelo reduzido espaço disponível”.