Os Estados Unidos estão a reforçar a sua estratégia para limitar a influência chinesa nas cadeias marítimas globais. De acordo com o Financial Times, a administração norte-americana está a analisar participações chinesas em portos estratégicos — como o de Piraeus (Grécia), Balboa e Cristóbal (Panamá), e ainda infraestruturas em Espanha e territórios norte-americanos — e a encorajar a sua aquisição por empresas ocidentais.
A ofensiva inclui também novas medidas comerciais: a partir de outubro de 2025 Washington aplicará taxas adicionais sobre navios construídos na China, bem como sobre operadores e prestadores de serviços ligados a Pequim. O objetivo declarado é reduzir riscos de segurança nacional e reforçar a competitividade da construção naval e da logística norte-americana.
O caso mais visível é a venda de ativos da Hutchison Ports no Panamá. Esses terminais, até agora ligados a grupos chineses, deverão passar para um consórcio liderado pela norte-americana BlackRock e pela Global Infrastructure Partners, uma operação que os analistas consideram ter forte peso geopolítico.
Os especialistas sublinham que empresas estatais chinesas como a COSCO e a China Merchants têm atualmente presença em mais de uma centena de projetos portuários em todo o mundo. Segundo dados compilados pelo CSIS – Center for Strategic and International Studies, essa rede é vista por Washington como uma vantagem estratégica de Pequim, capaz de influenciar fluxos comerciais e operações críticas.
Com esta nova ofensiva, os EUA procuram reposicionar aliados e parceiros em torno de uma maior “resiliência logística” e reduzir a dependência de infraestruturas controladas por capitais chineses, ao mesmo tempo que enfrentam inevitáveis tensões diplomáticas com Pequim.