As exportações portuguesas de componentes para automóveis caíram 3,9% em julho de 2025, totalizando menos de mil milhões de euros. Apesar da quebra, o setor resistiu melhor do que o conjunto das exportações nacionais, que recuaram 11,3%. Roménia e Marrocos destacaram-se com fortes crescimentos nas compras a Portugal.
As exportações portuguesas de componentes automóveis registaram em julho de 2025 uma descida homóloga de 3,9%, fixando-se abaixo de 1.000 milhões de euros, segundo dados da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, com base nas estatísticas divulgadas pelo INE.
No acumulado entre janeiro e julho, as vendas para o exterior somaram 7.225 milhões de euros, menos 2,5% do que em igual período de 2024. Ainda assim, o desempenho foi mais positivo do que o total das exportações nacionais de bens, que no mesmo período caíram 11,3%.
A Europa continua a absorver a maioria das exportações (88,3%), embora com um ligeiro recuo de 2,4%. Fora do continente, África e Médio Oriente destacaram-se com uma subida de 18,8%. Entre os principais mercados, Espanha (29,4% de quota) cresceu 2,7%, ao contrário da Alemanha (-10,8%) e dos Estados Unidos (-13,6%), que registaram quebras acentuadas.
A nota positiva vai para a Roménia, atualmente o 6.º destino das exportações nacionais (+38,4%), e para Marrocos, em 8.º lugar (+32,3%).
Setor enfrenta desafios globais
Segundo José Couto, presidente da AFIA, “os dados de julho confirmam a importância estratégica do setor de componentes para automóveis para a economia portuguesa. Apesar da conjuntura adversa e de uma quebra global das exportações nacionais, temos vindo a conseguir manter um desempenho mais sólido”.
Entre os principais desafios, o responsável destaca os custos energéticos elevados, a pressão da transição para a mobilidade elétrica, a instabilidade nas cadeias de abastecimento e o impacto das taxas impostas pelos Estados Unidos. “É fundamental que as políticas públicas apoiem o investimento e a inovação para que possamos continuar a ser competitivos a nível europeu e global”, sublinha.
A indústria automóvel nacional continua a enfrentar forte turbulência do lado da oferta e da procura. Ainda assim, os números de 2025 mostram a resiliência e relevância estratégica do setor para a economia portuguesa. A aposta em inovação, modernização industrial e tecnologias associadas à mobilidade elétrica é vista como essencial para reforçar a posição de Portugal como fornecedor de referência no mercado internacional.