A União Europeia (UE) arrisca centenas de milhar de emprego ao perder peso no mercado automóvel global. Este é uma das conclusões de um estudo da Roland Berger, solicitado pela Associação Europeia de Fornecedores Automóveis (CLEPA), que revela que os fornecedores europeus enfrentam uma desvantagem de custos de 15% a 35%, principalmente devido aos elevados custos de energia e de mão de obra.
Enquanto isso, países como a China e os EUA combinam medidas de apoio industrial com mecanismos de proteção, criando “desvantagens estruturais” e “concorrência desleal”.
De acordo com o estudo, atualmente, a indústria de fornecimento do setor automóvel “gera valor económico substancial e apoia centenas de milhar de empregos”, montando cerca de 85% dos componentes para carros.
No entanto, se a UE não tomar medidas urgentes, até 23% do valor acrescentado europeu estará em risco até 2030, e mais 20% até 2035. Assim, nos próximos cinco anos, poderão estar em causa entre 300 mil e 350 mil empregos.
“Os fornecedores estão empenhados em investir e inovar, mas não o podem fazer num campo de jogo desigual. Manter um ecossistema automóvel competitivo e resiliente na União Europeia exigirá uma ação urgente e orientada para o mercado por parte da indústria, bem como medidas políticas específicas, para reforçar a atratividade da Europa como local de fabrico, de I&D e de investimento”, afirma Benjamin Krieger, secretário-geral da CLEPA.
Neste momento, os fornecedores dão emprego a cerca de 1,7 milhões de pessoas em toda a Europa, sendo o investimento anual conjunto em I&D de 30 mil milhões de euros.
Assim, apelam aos decisores políticos para uma rápida resolução dos desafios de competitividade, avaliando opções para reduzir os custos estruturais e cortar em burocracia; priorizar a abertura de tecnologia na descarbonização numa revisão da regulamentação sobre normas de CO₂ para automóveis, carrinhas e camiões; e iniciar um diálogo sobre medidas que ajudem a manter a produção local, o investimento em I&D e o know-how crítico na região, além de assegurar capacidades da UE em componentes como baterias, semicondutores e software.