A propósito da edição manifesto da Supply Chain Magazine, lançámos um desafio aos nossos leitores: partilharem connosco os seus próprios manifestos, ou seja, ideias, visões ou experiências que representassem a forma como encaram o presente e o futuro da supply chain.

As respostas chegaram de profissionais de diferentes áreas e funções, e revelam um setor em plena transformação, mas também profundamente humano.

Entre os contributos, destacou-se uma convicção comum: a tecnologia é essencial, mas nunca suficiente. Um dos participantes, atualmente na área de consultoria e que não quis ser identificado, lembrou que “a inteligência artificial pode evoluir ainda mais, mas as pessoas continuarão a ser a chave para transformar processos”. A frase ecoa uma das tendências mais partilhadas pelos nossos leitores: a introdução da IA e das soluções digitais na logística, que está a redefinir operações, mas deve sempre caminhar lado a lado com o talento humano.

Também emergiram testemunhos marcados pela experiência no terreno. Histórias que não se esquecem, como a abertura das operações logísticas de grandes grupos internacionais em Portugal, ilustram o papel estratégico da logística não só para empresas, mas para países inteiros. São momentos que ficam na memória e ajudam a perceber como o setor tem vindo a ganhar relevância social e económica.

Nas ideias recebidas, encontramos igualmente um fio condutor de responsabilidade e sustentabilidade. Vários profissionais sublinharam que o futuro não pode passar apenas pela eficiência e pela redução de custos: exige uma supply chain resiliente, transparente e capaz de responder a exigências ambientais crescentes.

O manifesto coletivo que aqui reunimos é, afinal, um reflexo do espírito da própria supply chain: uma rede feita de muitas vozes, visões e trajetórias, mas que só ganha força quando olhada como um todo.

“O que nunca vou esquecer são os picos de Natal e a forma como as equipas se superaram para garantir que tudo chegava a tempo e horas.”, recorda Pedro Ferreira Queimado, da KronoLog Solutions. Para ele, a supply chain é, antes de mais, sobre pessoas: “A logística é feita por pessoas. A eficiência só acontece quando se valoriza o lado humano.”

Também Rui Silva, da Casa Peixoto, destaca essa ligação humana e profissional como marca da sua experiência: “Conheci várias pessoas interessantes e de muito valor, com quem aprendi todos os dias.”

 

Tecnologia como motor de transformação

Se há algo que atravessa várias respostas é a aceleração tecnológica. Por exemplo, Dinora Guerreiro, da Volkswagen Autoeuropa, recorda como a evolução de processos — do poke-yoke à digitalização — tem transformado a atividade.

Carlos Fonte, da JCK Consulting, é claro no seu manifesto: “O futuro da supply chain será colaborativo, digital e sustentável.”

A pandemia deixou marcas profundas e foi um ponto comummente apontado em vários testemunhos. Bárbara Fraga, da Logistema, não hesita: “Resiliência e agilidade não são opções, são as condições necessárias para a sobrevivência das cadeias de abastecimento.”

Para muitos, como ela, os últimos anos mostraram que a supply chain é um organismo vivo, que precisa de responder a disrupções constantes, das crises globais às flutuações locais.

A consciência de que não há futuro sem responsabilidade ambiental também emergiu com força. Da valorização das pessoas à aposta em tecnologia, da resiliência face a crises à urgência da sustentabilidade, os manifestos que recebemos dos nossos leitores compõem um retrato coletivo de um setor em transformação.

Palavras diferentes, mas uma visão comum: a supply chain é feita por pessoas e move-se com inovação, propósito e sentido de futuro.

Com esta partilha, quisemos dar palco a quem todos os dias pensa e faz mover as cadeias de abastecimento. Não apenas empresas e processos, mas também ideias e convicções. É, afinal, desse movimento que nasce o futuro e a supply chain que todos queremos.

Se ainda não leu a edição #65, que desencadeou esta participação por parte dos profissionais do setor, ainda vai a tempo. É só seguir o LINK.