Os trabalhadores da PSA Sines, que estão em greve parcial até 31 de agosto, exigem revisão de horários. A administração da empresa responde com medidas de valorização e alerta para riscos no Terminal XXI.

Os trabalhadores da PSA Sines e da LaborSines, que operam no Terminal XXI, iniciaram esta segunda-feira, dia 25 de agosto, uma nova semana de greve às duas últimas horas de trabalho de cada turno, ação que se prolonga até 31 de agosto.

Entre as principais reivindicações, o Sindicato das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) exige o retomar das negociações com a empresa, colocando no centro do debate a revisão dos horários de trabalho.

“Temos quatro meses, ou seja, maio, junho, julho e agosto com um horário muito pesado em termos de verão e queremos alterar para um horário mais equilibrado em termos de saúde e de família”, explicou à TSF Luís Guerreiro, porta-voz do sindicato.

Segundo o SIEAP, a adesão à paralisação rondou os 90% na greve parcial realizada entre 11 e 17 de agosto. Já o secretário-geral, Cláudio Santiago, justificou à Rádio Sines a opção por uma greve parcial e não total para minimizar o impacto financeiro nos trabalhadores e evitar, para já, prejuízos significativos para a economia nacional. Ainda assim, o sindicalista avisou que, se o impasse se mantiver, poderá haver lugar à paralisação completa do Terminal XXI.

Face a estas declarações do sindicato, a Diretora-Geral da PSA Sines, Nichola Silveira, sublinhou em comunicado de imprensa o compromisso da empresa com “princípios de justiça, igualdade e respeito por todos os colaboradores” e destacou medidas recentes adotadas em benefício dos trabalhadores, nomeadamente reajuste total do IPC de 2,4% aplicado em janeiro de 2025; atualizações de progressão automática em abril de 2025; recompensa de 100 euros e duas refeições gratuitas em setembro de 2025, em reconhecimento do recorde de 116.000 movimentos em julho e remuneração considerada a mais elevada da indústria de terminais de contentores em Portugal.

A responsável recordou ainda que o Tribunal da Relação de Évora confirmou a conformidade legal do horário de trabalho em vigor.

No entanto, a empresa alertou para as potenciais consequências do pré-aviso de greve, como a redução do volume de movimentos (89% da carga de Sines é transbordo), impactos negativos nos fluxos comerciais e no emprego, danos reputacionais e a necessidade de reavaliar o quadro financeiro devido a responsabilidades bancárias e acionistas.

“Solicitamos que reconsiderem a vossa posição. As consequências de tal ação afetariam não só a empresa, mas também os nossos colaboradores e o ecossistema económico em geral”, apelou ainda Nichola Silveira no referido documento.

A PSA Sines é a operadora do maior terminal de contentores de Portugal, com capacidade instalada de 2,3 milhões de TEU e atualmente, emprega 1.400 trabalhadores.