Trabalhadores das docas de todo o mundo vão convergir para Lisboa nos dias 5 e 6 de novembro, em resposta à convocatória da Associação Internacional de Estivadores (ILA). Trata-se da “People Over Profit: Anti-Automation Conference”, que se propõe debater as práticas de automação, considerando que dão prioridade ao lucro das empresas em detrimento do emprego de mão de obra.
“O nosso objetivo é claro: definir estratégias coletivamente, partilhar experiências e reforçar a nossa união face ao crescimento da substituição de postos de trabalho pela automação”, pode ler-se na convocatória, assinada pelo vice-presidente executivo da associação, Dennis Daggett. “Não se trata apenas de proteger os nossos empregos, mas sim, de preservar as nossas comunidades, as nossas famílias e o futuro que estamos a construir para a próxima geração”, acrescenta.
Na perspetiva da ILA, a automação está a infiltrar-se em todos os setores, a pouco e pouco, indústria a indústria, com as grandes empresas a esconderam-se atrás de palavras como eficiência e progresso, bem como segurança. “Mas, o que querem verdadeiramente é só uma coisa – reduzir os custos laborais”, acusa.
Daí que a conferência de Lisboa seja “mais do que um encontro”, uma “tomada de posição pela humanidade em vez dos algoritmos”, “pelos trabalhadores em vez dos lucros dos acionistas”.
Na ótica dos promotores do evento, a tecnologia deveria servir a humanidade, não substituí-la. “Não somos contra a inovação, somos contra a exploração. Acolhemos ferramentas que tornam o nosso trabalho mais seguro e mais eficiente, mas nunca aceitaremos sistemas que eliminem o elemento humano por completo”, escreve o vice-presidente, num apelo à ação.