Desde 16 de junho que as farmácias em Portugal passam a ter acesso a uma nova tipificação do estado de disponibilidade dos medicamentos, implementada pelos distribuidores farmacêuticos de serviço completo associados da ADIFA. A medida decorre da Deliberação n.º 233/2025, de 18 de fevereiro, do INFARMED, e pretende reforçar a transparência e a harmonização da informação entre os vários intervenientes da cadeia do medicamento.

Com esta nova tipificação, as farmácias passam a poder consultar o estado das encomendas com maior detalhe e em tempo real, através de categorias como “Disponível”, “Em quantidade limitada” ou “Em rutura até”, comunicadas eletronicamente pelas plataformas dos distribuidores. A rastreabilidade mais fina permitirá uma gestão mais eficaz das encomendas, melhorando o serviço prestado ao utente, sobretudo num contexto em que a escassez de medicamentos se tornou um desafio recorrente, tanto em Portugal como a nível europeu.

“A disponibilização desta informação constitui um passo essencial para fortalecer a comunicação entre distribuidores e farmácias e, por extensão, para garantir que os utentes são informados de forma mais clara e célere sobre o acesso aos medicamentos de que necessitam”, sublinha Nuno Flora, Presidente Executivo da ADIFA. A implementação será feita sem alterações ao protocolo de comunicação em vigor, sendo totalmente integrada nos sistemas eletrónicos já utilizados pelos distribuidores.

Impacto para trás na cadeia de abastecimento

Questionado pela Supply Chain Magazine sobre as implicações da nova tipificação a montante da cadeia, Nuno Flora sublinha o potencial positivo da medida, mas reconhece também o aumento da responsabilidade para todos os intervenientes. Segundo o responsável, este novo modelo de comunicação poderá mesmo servir de base à criação futura de um sistema nacional de alerta prévio em caso de indisponibilidade, como já proposto pela própria associação.

“A nova tipificação e comunicação do estado de disponibilidade dos medicamentos representa, de facto, um avanço relevante em termos de visibilidade e transparência para as farmácias e para os utentes. Iniciativas como esta – que aumentam a previsibilidade e a informação partilhada – são fundamentais para assegurar a resiliência do sistema. Do lado dos distribuidores associados da ADIFA, existe total preparação para dar resposta a este novo projeto. Os distribuidores farmacêuticos de serviço completo estão prontos para incorporar esta nova comunicação sem comprometer o processo de abastecimento, uma vez que a competência, o know-how e a observância regulamentar estão profundamente enraizados na sua operação diária. Naturalmente, esta evolução implica um maior grau de exigência e responsabilidade para todos os elos da cadeia de abastecimento. Mas estamos confiantes de que o circuito do medicamento saberá adaptar-se a este novo mecanismo, sobretudo num contexto europeu e nacional em que a escassez de medicamentos se tornou um desafio persistente.”, defendeu Nuno Flora.

Com esta iniciativa, os distribuidores farmacêuticos reafirmam o seu compromisso com a transparência, a proximidade com os profissionais das farmácias e a resposta eficaz às necessidades dos cidadãos – pilares centrais para reforçar a confiança e a resiliência do sistema de saúde em Portugal.