Segundo a análise semanal da Freightos Group, o conflito Israel-Irão ainda não teve impacto direto significativo no transporte global, mas os riscos continuam a aumentar.

Apesar da escalada do conflito entre Israel e Irão no final da semana passada, os mercados de frete globais mantêm-se, para já, relativamente estáveis. Segundo a análise de Judah Levine, diretor de pesquisa da Freightos Group, o tráfego no Estreito de Ormuz (responsável por cerca de 20% do transporte marítimo global de petróleo) continua a fluir normalmente, afastando por enquanto o risco de disrupções imediatas no abastecimento energético ou nos custos logísticos associados.

A possível interrupção do tráfego no Estreito de Ormuz continua a ser uma preocupação, uma vez que poderia afetar não só a oferta global de petróleo, como também a ligação ao porto de Jebel Ali, no Dubai, um dos principais hubs de transbordo entre o Extremo Oriente e o Ocidente. No entanto, apenas 2% a 3% dos volumes globais de contentores passam pelo estreito, o que limita o impacto direto no transporte de mercadorias a nível mundial.

As operações portuárias em Israel, incluindo Haifa e Ashdod, mantêm-se normais, apesar dos ataques com mísseis e drones, de acordo com declarações da ZIM Lines.

Paralelamente, nos mercados de comércio internacional, continuam a verificar-se sinais de volatilidade. O possível novo acordo comercial entre os Estados Unidos e a China poderá manter tarifas elevadas (30% dos EUA para a China e 10% no sentido inverso), o que está a provocar um fenómeno de antecipação da época alta de importações por parte dos carregadores norte-americanos. No entanto, essa frente de procura poderá já ter atingido o pico, com impactos esperados na procura e nas tarifas nas rotas transpacíficas até ao final do verão.

No eixo Ásia–Europa, a combinação de redução de capacidade e congestionamento portuário tem vindo a sustentar os preços, que subiram 24% em junho para cerca de $3.000/FEU. Já na rota Ásia–Mediterrâneo, as tarifas atingiram os $4.846/FEU na semana passada, embora haja sinais recentes de ligeira descida, com valores a rondar agora os $4.500/FEU.

No transporte aéreo, o mercado China–EUA mantém-se estável nos $5,29/kg, com queda na procura de e-commerce a ser compensada por ajustes de capacidade noutras rotas, nomeadamente Ásia–Europa.