O mercado português enfrenta uma escassez crescente de profissionais qualificados nas áreas de logística e supply chain. Estima-se que sejam necessários entre 5.000 a 10.000 novos profissionais para responder à atual procura — um défice que impacta diretamente a competitividade e a resiliência das cadeias de abastecimento.

As dificuldades são particularmente evidentes em funções de média e alta responsabilidade, como diretores de supply chain, responsáveis de operações e compradores séniores. Estas posições exigem não apenas formação técnica, mas também visão estratégica e capacidade de adaptação — competências raras num mercado cada vez mais pressionado.

Um fator adicional é a contratação precoce de estudantes universitários nos dois últimos anos dos seus cursos, sobretudo por empresas com presença em Portugal. Apesar de contribuir para a empregabilidade jovem, esta prática limita a disponibilidade de talento para áreas mais exigentes, como a consultoria técnica e a gestão de projetos de transformação.

Além disso, segundo dados recentes, 76% das operações de supply chain em Portugal enfrentam dificuldades na contratação, o que compromete diretamente os níveis de serviço e a eficiência operacional.

A resposta exige mais do que recrutamento: passa pela colaboração estratégica entre empresas, instituições de ensino e entidades públicas, promovendo programas de formação prática, requalificação e atração de talento internacional.

Ignorar esta realidade é comprometer o futuro da logística em Portugal. Encará-la é construir cadeias mais preparadas, competitivas e sustentáveis — com as pessoas certas nos lugares certos.

Carlos Fonte, Especialista em Transformação Digital