Transparência, partilha de dados ou planeamento foram algumas das sugestões para as empresas criarem valor nas parcerias, otimizarem os seus processos colaborativamente e melhorarem os seus níveis de sustentabilidade apresentadas na mesa redonda “Colaboração e integração nas cadeias de abastecimento: desafios e oportunidades”, que decorreu no segundo dia da SCM Conference 2025.
Tiago Baldaia, Business director da Gi BPO, Marco Cunha, Global Demand Planning manager da Fischer Connectors, Danilo Hassamo, Finance & Supply Chain director da Prime Drinks, e Edite Louro, Logistics & Sustainability director da Portugal DutyFree, juntaram-se para abordar a importância da colaboração e integradção na supply chain, sob a moderação de João Queirós, Senior manager – Supply Chain & Operations da Ernst & Young. No final, ficou claro que a visão total da cadeia de abastecimento e o conhecimento do negócio do parceiro são essenciais para gerar melhorias operacionais e novas oportunidades.
Sobre os desafios que enfrentam nas suas respetivas funções, Edite Louro começou por apontar a segurança aeroportuária, pois é necessário gerir mais de 30 lojas nos vários aeroportos do país. Conta que, no início era mais difícil, pois as mercadorias que saíam diretamente do Montijo, tinham e de passar por um processo de rastreabilidade ao chegar ao aeroporto. Só descarregavam um camião de cada vez, pois era necessário fazer o raio-X. No entanto, investiram numa máquina de raio-X para rastrearem as mercadorias internamente no armazém, e foi ainda necessário garantir que as instalações suportavam modificações de mercadorias. “Esta questão era um grande bottleneck nos processos, especialmente em épocas de pico, pelo que, o investimento veio agilizar os processos”, afirmava.
Já Danilo Hassamo, destacou a importância do planeamento para ajudar a gerir o imprevisto. Uma vez que a Prime Drinks assume a intermediação entre os fornecedores e o mercado, o planeamento é o maior desafio, mas é a parte mais importante. Por sua vez, Marco Cunha falou sobre a qualidade dos dados enquanto fator-chave para tomar boas decisões. Quanto à área de recursos humanos, Tiago Baldaia referiu que a formação das equipas em supply chain deve ser tida em conta, bem como transmitir todas as informações relativas à função, de forma a que se consigam adaptar às operações.
Focando na questão da colaboração, Edite Louro apontou um desafio relacionado com os fornecedores. “A sustentabilidade é um grande desafio para as empresas europeias”, explicava. Ainda que várias empresas já tenham definido métricas de descarbonização para reduzir as emissões, na área do retalho nem sempre é fácil atingir esse objetivo, pois trabalha-se com vários fornecedores de produtos dos quais é necessário extrair muita informação e dados. “Quando começamos a calcular a pegada de carbono é necessário termos muitos dados e, muitas vezes, só conseguimos ter acesso se os fornecedores partilharem, e muitos não querem partilhar essa informação”.
Assim, ficou claro que a transparência é necessária. Marco Cunha indicou que para haver compliance tem de haver transparência. Tiago Baldaia corroborou esta visão, referindo que o trabalho tem de ser conjunto para obter uma boa dinâmica da operação. Por fim, Danilo Hassman, indicou que, na Prime Drinks, tiveram de se adaptar e colaborar com os parceiros, pois são relações win-win. “É necessário debater as ineficiências, e é assim que se faz uma verdadeira parceria. A relação torna-se muito mais objetiva, prática e pragmática.”