O primeiro Barómetro do Observatório do Risco Geopolítico para Empresas, desenvolvido pela Porto Business School (PBS) em parceria com o Instituto da Defesa Nacional (IDN) e a Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), destaca os ciberataques a infraestruturas críticas e uma potencial crise financeira global como os riscos geopolíticos mais preocupantes para as empresas portuguesas no curto e médio/longo prazo.

 

A análise, baseada nas respostas de 185 executivos de empresas com operações nacionais e internacionais, revela uma crescente consciência empresarial sobre os impactos da instabilidade geopolítica no desempenho e na resiliência operacional, sobretudo no que diz respeito à logística global e cadeias de abastecimento.

Apesar de a disrupção nas cadeias de abastecimento globais ocupar apenas o oitavo lugar no curto prazo (54%), sobe para o quarto lugar a médio/longo prazo (55%), refletindo uma crescente preocupação com a vulnerabilidade logística num contexto de economia aberta como a portuguesa.

Para as empresas importadoras e exportadoras, este risco assume ainda maior relevância, sendo apontado como o principal desafio no médio e longo prazo (74% e 68%, respetivamente).

 

Conflitos comerciais e rivalidades internacionais em destaque

Os conflitos comerciais entre os EUA, China e União Europeia surgem como o terceiro maior risco geopolítico identificado, tanto no curto (66%) como no médio/longo prazo (55%), sinalizando a expectativa de um ambiente internacional marcado por rivalidades prolongadas com impacto direto nas operações comerciais.

Na indústria transformadora, os conflitos comerciais são referidos por 84% dos inquiridos como o principal risco a curto prazo, enquanto a crise financeira global destaca-se no horizonte temporal mais alargado.

O Barómetro identifica quatro estratégias prioritárias para enfrentar estes desafios:

  • Investigação e desenvolvimento (I&D) de novos produtos ou serviços (55%);
  • Reforço das cadeias de abastecimento (53%);
  • Promoção de acordos comerciais globais (49%);
  • Aprofundamento do conhecimento geopolítico dentro das organizações (45%).

“Há uma clara orientação das empresas para fortalecer a sua capacidade interna e fomentar parcerias estratégicas, com menos ênfase no apoio estatal”, refere Jorge Rodrigues, coordenador do Observatório.

A criação deste Observatório reflete uma nova abordagem estratégica no seio empresarial português, procurando capacitar as empresas para enfrentar um mundo cada vez mais instável e competitivo. A recolha e análise de dados, como a promovida pelo Barómetro, oferece uma base valiosa para a gestão de risco geopolítico e a tomada de decisão informada.