A procura por imóveis logísticos deverá crescer em 2025 e nos anos seguintes, com os operadores a lidarem com os desafios colocados pela regulação de sustentabilidade (ESG) e com o nearshoring a manter-se como tendência e a ter o potencial de mudar as “regras do jogo”. Este é o cenário traçado pelo European Real Estate Logistics Census.
Esta quarta edição do estudo foi conduzida no verão de 2024 pela consultora Analytiqa, especializada em supply chain, em nome da Tritax Eurobox, investidor em imobiliário logístico, e da imobiliária internacional Savills. Abrangeu 642 entidades, a nível europeu.
A propósito, o CEO da Tritax EuroBox, Phil Redding, afirma que o estudo mostrou que, “apesar de condições operacionais desafiantes”, o sentimento dos operadores logísticos face ao mercado está a melhorar.
Por sua vez, o Head of EMEA Logistics Research, Commercial Research for Savills, Kevin Mofid, nota, em comunicado, que, nos últimos quatro anos, este censo se mostrou um barómetro do mercado de armazéns logísticos em toda a Europa. Este ano, 53% dos respondentes manifestaram a expectativa de adquirir mais espaço nos próximos três anos, não obstante ser “claro” que investidores e operadores enfrentam desafios como os da energia, da automação e da sustentabilidade.
A propósito da tendência para um reforço da procura, 51% dos respondentes manifestou a convicção de que as condições são mais favoráveis atualmente do que há um ano; no entanto, 69% afirmaram ter adiado os planos de expansão devido ao contexto económico – mas, destes, apenas 6% disse ter desistido em definitivo desses planos, com 32% a quererem esperar um a dois anos e 24% a adiarem por dois a cinco anos.
O estudo indica que a procura de instalações logísticas deverá verificar-se ainda este ano e prolongar-se por 2025, com 29% dos inquiridos a pretenderem comprar mais espaço nos próximos 1 meses, enquanto 70% vão manter-se como estão.
Os planos de expansão concentram-se nos principais mercados europeus, com a Alemanha e a França em primeiro lugar, citados por 26% e 24% dos respondentes, respetivamente. Numa possível indicação de interesse de re/nearshoring, a República Checa surge como potencial mercado para 10% dos inquiridos.
No que concerne os desafios de sustentabilidade, mais de metade da amostra classificou como “importante” ou “muito importante” a regulamentação de ESG e os requisitos de eficiência energética, a automação, a robótica e a Inteligência Artificial, bem como o que foi descrito como “revolução nos transportes”. O tópico mais citado prende-se com as exigências a nível do ESG, na expectativa de um novo quadro regulatório europeu. Neste domínio, os inquiridos deram conta das medidas já adotadas: eficiência energética e redução do consumo (44%), redução do desperdício e reciclagem (36%) e energia renovável (28%).
Relativamente à tecnologia, nos últimos 12 meses, 37% dos respondentes investiram em robótica e automação nos armazéns, 33% apostaram em sistemas analíticos de previsão e otimização, e 28% em veículos elétricos. A eletrificicação mantém-se como prioridade, com 29& dos inquiridos a planear reduzir o uso intensivo de combustíveis fosseis no transporte.
No horizonte está o re/nearshoring, com 25% da amostra a sustentar que encurtou a respetiva cadeia de abastecimento, de modo a mitigar os riscos associados à disrupção dos últimos anos. A diversificação dos fornecedores e a flexibilização das rotas estão na agenda, com 27% e 27%, respetivamente, dos inquiridos a manifestarem a intenção de enveredar por este caminho nos próximos três anos.
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