A Michael Page realizou um estudo sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) no mundo do trabalho, concluindo que 70% dos profissionais acredita que a mesma contribuiu para melhorar a sua eficiência e produtividade e que trouxe uma mudança crucial.

O estudo, que reuniu a opinião de 522 profissionais em Portugal, verificou que quase metade (44%) dos entrevistados recorrem à IA para encontrar um emprego, aumentar a sua produtividade ou automatizar as tarefas do dia-a-dia.

O estudo revela ainda que dois terços (62%) confia na IA para realizar tarefas automatizadas e repetitivas. Por exemplo, utilizar as ferramentas de IA como filtros inteligentes de email e assistentes de priorização para reduzir significativamente as horas dedicadas a gerir a caixa de entrada do email, e mais tempo para se focar noutras tarefas.

Introduzir a IA no trabalho nem sempre é fácil. 59% dos profissionais está preocupado com a IA não ter um toque humano no julgamento e intuição. Esta preocupação prende-se com o facto de por melhor que a IA seja com dados, ainda não consegue ir de encontro com a capacidade de tomar decisões e inteligência emocional. Problemas relacionados com a segurança de dados apontado por 42% dos inquiridos, ética (38%) e potenciais mudanças de emprego (30%), são outras das grandes preocupações.

A utilização da IA no emprego não impacta apenas os colaboradores como também os candidatos, trazendo benefícios, desafios e problemas. Relativamente à utilização da IA na pesquisa de emprego, cerca de metade (52%) dos profissionais utiliza ferramentas de IA para escrever currículos e algoritmos de job-matching para a sua pesquisa de emprego. As vantagens na utilização da IA prendem-se, sobretudo, com a rentabilização do tempo (72%) e encontrar as oportunidades certas de emprego (54%).

Quando analisadas as diferentes gerações de profissionais e a sua utilização da IA, 55% das pessoas entre os 18 e 24 anos já utilizaram estas ferramentas, comparativamente a 37% entre os profissionais com 50 a 59 anos, indicando uma mudança para a adoção de IA na pesquisa de emprego.

Por outro lado, pouco mais de metade dos inquiridos mostra hesitação em adotar a IA. A falta de conhecimento (41%) sobre as ferramentas que estão disponíveis e 27% como utilizá-las, são os principais motivos. Outro dos fatores apontado por 59% dos participantes refere que as ferramentas de IA no trabalho têm falta de toque pessoal, que consideram ser indispensável mesmo na nossa era digital.

Quando questionados sobre as ferramentas de IA mais utilizadas, 42% dos profissionais refere o recurso à Interactive IA que inclui chatbots e smart assistants, como a Siri, Cortana e Google Assistant. A utilização frequente de ferramentas Functional AI para análise de dados, segurança da cloud e prevenção de fugas de informação é utilizada por 30%, sendo que 34% recorre a estas ferramentas no seu local de trabalho. Mais de um terço (35%) dos profissionais utiliza Analytic AI (como por exemplo, Tableau) para recomendações e insights através de data scanning.

Segundo o estudo, os profissionais revelam ainda a sua preferência na Generative AI (como ChatGCPT e Bard) para criar conteúdo escrito e visual, de acordo com a opinião de 24% dos entrevistados, indicando um aumento da aceitação das capacidades criativas da IA no emprego.

Pedro Prata, Associate Manager da Michael Page refere que “estes resultados revelam que apesar de a IA ter um grande impacto, não se sobrepõe à opinião humana. No local de trabalho a opinião humana é importante para compreender problemas complexos, desenvolver a criatividade e construir relações que a IA não consegue replicar. De uma forma idêntica, na pesquisa de emprego, trabalhar com um recrutador humano pode fornecer um nível de interação pessoal e compreensão da cultura da empresa que as ferramentas de IA não conseguem oferecer, algo que o talento valoriza”.