A Europa já não pode contar com cadeias de abastecimento sólidas como força competitiva, conclui a McKinsey no seu relatório Acelerar a Europa: Competitividade para uma nova era. Tem de se “reenergizar”, sob pena de perder o seu estatuto de liderança em matéria de sustentabilidade e inclusão.

A McKinsey, no seu mais recente relatório “Acelerar a Europa: Competitividade para uma nova era“, adverte que as vantagens da Europa estão a começar a diminuir e enumera sete “novas fragilidades” que têm de ser resolvidas. São elas: enfraquecimento das cadeias de abastecimento; falta de investimento em tecnologias de ponta, como a IA; dependência da energia importada, em particular da Rússia; aumento do custo do capital; necessidade de transição da mão de obra para novas economias e tecnologias; fragmentação contínua da economia europeia; e as atuais guerras comerciais em todo o mundo.

O relatório afirma que estes domínios prioritários “irão provavelmente definir a competitividade europeia na nova era”. A consultora calcula que se a Europa não resolver estas questões, tal poderá significar até 1 bilião de euros de valor acrescentado por ano até 2030.

O relatório acrescenta: “Para salvaguardar o crescimento e a prosperidade futuros – bem como a sustentabilidade e a inclusão inigualáveis conseguidas até à data – a Europa não pode correr o risco de perder terreno.”

O documento apresenta uma série de recomendações para a Europa, mas adverte que as soluções “exigirão uma agenda integrada, assente em objetivos mais ambiciosos”, acrescentando que “também exigirá que os líderes públicos e privados façam escolhas estratégicas e ponderem alguns compromissos difíceis. A realização de objetivos ambiciosos tem sempre um custo, seja em termos de capital, de risco ou de outros aspetos que podem deixar de ser prioritários. A Europa empresarial tem de desempenhar o seu papel e olhar para além das fronteiras das empresas e dos setores, trabalhando em conjunto com os decisores políticos para chegar a acordo e alcançar esses objetivos. O desafio para a Europa é utilizar este momento de teste para agir de forma decisiva, tal como fez nas crises do passado.”

No que diz respeito à cadeia de abastecimento, a McKinsey aconselha os países europeus a “diversificarem a sua oferta para uma base de fornecedores globais resilientes e a desbloquearem novas fontes nacionais”.

A Europa precisa de trabalhar mais para garantir o acesso a um fornecimento seguro e sustentável de materiais estrategicamente importantes. Esta ação, salienta, “pode implicar compromissos complexos”.

E acrescenta: “Uma abordagem poderia consistir em diversificar ainda mais os fornecedores globais, embora para tal seja necessário atuar com cautela se estes forem provenientes de mercados que não estejam geopoliticamente alinhados. Outra opção é encontrar novos fornecedores nacionais, mas a extração de alguns minerais essenciais, como o lítio, o cobalto e a grafite, suscita preocupações ambientais”.

No entanto, os responsáveis políticos da UE tomaram medidas para reforçar as cadeias de abastecimento, com a “Iniciativa Global Gateway”, concebida para reforçar as relações económicas com os parceiros comerciais, em especial os que fornecem materiais essenciais. A consultora acrescentou ainda que a Lei das Matérias-Primas Críticas de 2023 também prevê um quadro para garantir que, até 2030, pelo menos 10% do consumo anual da UE dessas matérias seja extraído internamente.