Na União Europeia, já se dão alguns passos neste campo, com potencial para serem de gigante, mas a burocracia aliada à falta de investimento são algumas das críticas apontadas.

A logística verde já anda sobre rodas, mas como é que o setor do transporte aéreo de mercadorias está a fazer descolar cadeias de abastecimento mais sustentáveis? E de que forma é que a aviação dá asas ao corte no volume de emissões poluentes rumo à neutralidade carbónica?

Em terra, a solução no radar passa pelo desenvolvimento de softwares cada vez mais inteligentes, pelos ganhos em eficiência, pelo uso de Big Data ou pelo recurso a frotas cada vez maiores de veículos elétricos, por exemplo, mas, no ar, há cada vez mais empresas a apostar no Combustível Sustentável para a Aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF no acrónimo em inglês) como uma alternativa ecológica.

O custo ainda é demasiado elevado e a produção limitada, mas este biocombustível, quimicamente idêntico ao jet fuel tradicional e refinado a partir de resíduos, óleos vegetais, biomassas e até plantas tornou-se num aliado para reduzir o contributo negativo da aviação para as alterações climáticas e, consequentemente, das empresas que dela dependem para conseguir realizar as suas operações à escala internacional.

Na prática, o SAF pode assegurar reduções de emissões de gases com efeito de estufa até 80% ao longo do seu ciclo de vida comparativamente ao combustível fóssil tradicional. Mas ainda não o substitui por completo.

Na União Europeia, já se dão alguns passos neste campo, com potencial para serem de gigante, mas a burocracia aliada à falta de investimento são algumas das críticas apontadas por diferentes atores, vis-à-vis a realidade que se vive nos EUA.

Os aeroportos de Malpensa, em Milão, e de Schiphol, nos Países Baixos, por exemplo, destacam-se na promoção do uso de combustível sustentável para a aviação, dando resposta às necessidades de cada vez mais empresas que procuram soluções logísticas ecológicas e que estão comprometidas com o desenvolvimento de cadeias de abastecimento sustentáveis.

Em Schiphol, que integra o Top 10 dos aeroportos mais movimentados da Europa e onde se transportaram, em junho, mais de 112 mil toneladas de carga, os depósitos de SAF já permitem a várias empresas de diferentes setores cumprir com metas renováveis e circulares.

Mais a sul, em Portugal, o acrónimo SAF também veio para ficar e apesar de ainda estar timidamente a afirmar-se, conta com cada vez mais adeptos no setor da logística.

Atualmente, o SAF é a principal via para reduzir as emissões de carbono na aviação. Graças ao investimento neste combustível verde, as empresas que a ele recorrem têm a possibilidade de apostar no mesmo, de se aliar aos esforços climáticos globais e de tornar as próprias cadeias de abastecimento mais sustentáveis.

Contribuem para a descarbonização do setor, mas estão igualmente a contribuir para inverter os efeitos indesejados das cadeias de abastecimento: um desafio para muitas empresas, sob pressão de consumidores cada vez mais eco-responsáveis. Para muitos é um ponto de partida, mas que tem asas para voar.

Teresa Manso | Communication & Continuous Improvement Director | DHL Express Portugal

Nota: Este artigo de opinião foi publicado em primeira mão no Jornal Económico no dia 22 de agosto, tendo a sua republicação sido autorizada pelos envolvidos.