Fala-se muito de logística colaborativa, parcerias, informação partilhada, Win-Win. Mas isso consubstancia-se, efetivamente, em quê?

Todos os dias as empresas enfrentam inúmeros desafios estratégicos e operacionais e, para se manterem competitivas no mercado, têm de se reinventar e adotar ideias disruptivas. A Supply Chain tornou-se uma área crucial nesse sentido, tem o dever de garantir mais do que a otimização de recursos, a libertação de Cash Flow e, obviamente, o aumento da eficiência e da experiência positiva do consumidor… Isto, por si só, já não chega.

Urge unirem-se esforços, partilhas de recursos e conhecimentos entre as organizações, que garantam o alcance destes tão majorados benefícios. Ao invés de cada um operar isoladamente, teoricamente deveriam colaborar entre si, para benefício geral. Mas isso existe na realidade e na globalidade das empresas?

Quando questionamos exemplos de iniciativas colaborativas que existem (após o discurso teórico de que a parceria é totalmente benéfica e é feita), na realidade e na maioria dos casos, existem apenas e só iniciativas sustentáveis (mais ao planeta que ao negócio).

Efetivamente consolidam-se cargas e são otimizadas algumas rotas, tornam-se os espaços mais eficientes com infraestruturas logísticas compartilhadas, partilha-se mão de obra, principalmente em movimentos sazonais. Na realidade estas iniciativas otimizam alguns custos, mas são mais efetivas no relatório de sustentabilidade das respetivas entidades, onde os títulos prometem reduções até 30% da emissão de CO2 e 25% de otimização das cargas, reduzindo efetivos de transporte.

Falta dar o passo decisivo para a verdadeira parceria, ter a certeza que o Win-Win acontece quando jogam no mesmo lado da equipa, sem medo de perder posição negocial pois o jogo é limpo. Exemplos como efetuar previsões de compras em conjunto, assumir os riscos e os erros de assertividade juntos, arranjar soluções para os problemas que a cadeia enfrenta, comunicar abertamente as dificuldades.

Pede-se informação, comunicação, abertura. Mas tem de ser real, verdadeira e com a confiança que uma parceria merece. Trabalhar juntos, pelo negócio. Será utopia?

Ana Moirinho Barbosa | Supply Chain Specialist