Vem aí mais uma pós-graduação em logística e gestão da cadeia de abastecimento. Falámos com o presidente do ISCTE Executive Education sobre o trabalho que têm vindo a desenvolver e ele é perentório: “Ganham os participantes, ganham as empresas, ganhamos nós”. O Prof. Crespo de Carvalho explica e detalha, na primeira pessoa e em discurso direto.

 

SCM – Está para arrancar mais uma edição da pós-graduação em logística e gestão da cadeia de abastecimento. Já se pode fazer um balanço desta aposta do ISCTE Executive Education? Quantos profissionais já passaram pelo curso? Diria que é uma aposta ganha?

Prof. Crespo de Carvalho – É claramente uma aposta ganha. Até agora passaram por nós mais de 140 profissionais e ainda vamos arrancar com a 6.ª edição. Temos em mente três aspetos fundamentais e que certamente nos distinguem: um corpo docente com uma prática pouco habitual e complementar entre si; conhecimento muitíssimo atual; muitos desafios, a começar no formato e a acabar no fim de semana final imersivo. Isto, sem contar com a flexibilidade de poder fazer uma pós-graduação a partir de qualquer ponto do mundo (já tivemos representantes de França, de Espanha, da Suíça, do Brasil, de Angola, de Moçambique e de Cabo Verde, para além de Portugal).

O programa é síncrono. A relação participante-docentes é a melhor e estamos a construir uma network invejável e uma base de alumni muito interessante. Ganham os participantes, ganham as empresas, ganhamos nós.

 

Mas em detalhe, quais as linhas de força da pós-graduação e o que é que apontaria como distintivo na mesma face à oferta existente?

Referia isso mesmo já na questão anterior. Mas aproveito para esclarecer, já que o pergunta de uma forma explícita, explico da seguinte forma: se não houver pessoas, profissionais docentes, com conhecimento na área, o produto tem pouco interesse.

Se não fossem profissionais que trabalham no retalho, em consultoria logística ou estratégica, em prestadores de serviços logísticos, que façam acompanhamento de profissionais que lideram equipas, que sejam docentes em programas de formação à medida para empresas, que trabalhem em serviços financeiros, em data analysis, em projetos ou que chefiem equipas e tenham práticas de supply chain ou conexas, o programa perderia muito. O nosso corpo docente tem todo ele uma vertente prática enorme e isso é claramente uma mais-valia. Ninguém fica indiferente aos debates que se travam e ao que cada um é capaz de trazer para dentro da sala de aula e a forma como o docente é capaz de esclarecer e de acrescentar valor, moderando e fazendo a mentoria do grupo.

Se o conhecimento não fosse prático e aplicacional e se não fosse atual, teríamos outro problema. Não é o caso. Aqui é o local para, de forma ampla, conseguirmos chegar a todas as dimensões críticas da logística e da gestão da cadeia de abastecimento – sempre com foco empresarial.

Se não tivéssemos formato síncrono e se não tivéssemos a possibilidade de acompanhar participantes e com eles reunir para dúvidas, pois também seria tudo bem mais complexo.

Se, adicionalmente, não fizéssemos um fim de semana intensivo, imersivo, final, onde uma empresa nos traz um caso real e onde o resolvemos para apresentar um pitch final, o modelo não seria o nosso e não seria tão ganhador.

Ganhamos em todas estas dimensões e isso traduz-se na satisfação dos nossos participantes.

 

Face a tudo o que tem vindo a mudar, e continua a mudar, nas cadeias de abastecimento, isto implicou alguma adaptação ou ajuste na vossa abordagem programática à pós-graduação?

Certamente. Falamos de logística, de tangíveis e de intangíveis. Falamos de serviços. De uma logística de um centro de vacinação a um hospital ou a uma logística de fábrica. De uma cadeia de abastecimento farma a uma cadeia alimentar ou de bebidas. De uma cadeia de peças e máquinas-ferramentas, a uma cadeia de vinhos ou de cafés. Como falamos também na uberização da economia e nas tendências que têm surgido. Uma Amazon a pontuar com cada vez mais fulfilment e sortation centres; uma Nike a perceber consumidores digitais e em vez de centralizar está a descentralizar operações; uma cadeia de restauração a abastecer-se numa dark kitchen; uma Glovo ou uma Uber a constituírem dark warehouses… e por aí fora. O last mile em crescendo e um enfoque cada vez maior em operações diferentes das convencionais.

 

“Esta pós-gradução é ela mesma uma inovação. Em formato. Em permitir estar em qualquer lado do país ou exterior. Em proporcionar pelo menos um momento de encontro final e também de trabalho (fim de semana imersivo). Para além da inovação em cada módulo e em cada dinâmica e conteúdo.”

 

É importante ter formação prévia em logística? O que é que se pode considerar que seja essencial um potencial candidato ter para frequentar este curso? Algumas competências absolutamente fundamentais?

Para a pós-graduação? Não. É importante ter vontade. Há partes quantitativas, há várias dimensões de sistemas com que trabalhamos, desde Excel a Power BI, de Project a M-MacBeth, às vezes de R a Python e a SQL. Mas não conheço ninguém que, no final do dia, tendo querido fazer, não tenha feito. Pessoas que vêm de áreas com níveis baixos de qualificação e pessoas que têm muita experiência prática e que querem um substrato mais estruturado para o seu conhecimento (tipicamente não licenciados) são sempre bem-vindas. E têm uma sede de conhecimento e de partilha gigante. Ganham brutalidades com o processo.

 

Inovação tem sido uma preocupação na vossa formação para executivos. Como é que isso tem estado a ser percecionado e recebido pelo mercado?

Esta pós-gradução é ela mesma uma inovação. Em formato. Em permitir estar em qualquer lado do país ou exterior. Em proporcionar pelo menos um momento de encontro final e também de trabalho (fim de semana imersivo). Para além da inovação em cada módulo e em cada dinâmica e conteúdo.

Este ano, e dentro de pouco tempo, este curso estará – com toda a probabilidade – em ranking do Financial Times – estou a adivinhar, e sem certezas, porque os resultados saem apenas em junho – o que apenas reforça a sua credibilidade global.

Mas, sinceramente, acho que temos reunidos todos os ingredientes para uma boa pós-graduação. Para além de juntarmos dois “dinossauros” – não sei se na linha da inovação, mas que andam nestas andanças há mais de 30 anos e que já viram e viveram muito, muito mesmo – destas coisas: eu e o José Costa Faria. Já é um grande princípio. Acho.