Um estudo da WTW, empresa especializada em consultoria, corretagem e soluções, avança que 79% das empresas globais do setor alimentar e de bebidas aponta a falta de soluções de seguros como um dos maiores desafios na abordagem aos riscos da cadeia de abastecimento, nos últimos três a cinco anos.
Exemplo disso é o facto de apenas 30% das empresas considerar que tem seguros suficientes para cobrir o impacto de condições meteorológicas na sua cadeia de abastecimento.
Além disto, as empresas também estão a enfrentar obstáculos na obtenção de dados que precisam para alcançar plena visibilidade dos riscos da sua cadeia de abastecimento, sendo que 78% indicaram não dispor de dados e conhecimentos necessários para compreenderem os seus riscos.
Por sua vez, 76% apontaram as preocupações dos fornecedores sobre a titularidade dos conhecimentos e a propriedade intelectual como impedimentos à transparência.
Os inquiridos afirmaram ainda que as suas perdas relacionadas especificamente com os riscos da cadeia de abastecimento foram superiores ao esperado nos últimos dois anos, em comparação com os 65% verificados nos outros setores.
Tendo em conta desafios que foram surgindo nos últimos tempos, como a pandemia e a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, as empresas motivaram-se a aumentar a sua resiliência contra desafios futuros. Assim, 68% indica ter aplicado melhorias na abordagem à gestão da cadeia de abastecimento em resposta à pandemia, enquanto outros 20% dizem ter transformado completamente a sua abordagem.
Luís Teixeira, risk & broking sales lead na WTW Portugal, afirma que “este setor é crítico para as sociedades. Uma disrupção nas cadeias de abastecimento, desde as colheitas, passando pelo transporte até às fábricas onde são transformados os produtos, pode alterar de forma significativa os padrões de consumo e inflacionar os preços dos alimentos e bebidas. É crucial que as empresas tenham acesso a ferramentas de gestão de risco ajustadas à complexidade deste setor”.
Por sua vez, Sue Newton, diretora, GB food & drink practice leader na WTW, indica que “o setor alimentar e de bebidas esteve sempre exposto a perturbações na cadeia de abastecimento, mas é provável que a indústria enfrente desafios cada vez mais difíceis no futuro, desde a logística contínua e a escassez de matérias-primas até aos impactos a longo prazo das alterações climáticas na agricultura e à crescente competição pela terra e pelos recursos naturais”.
Sue Newton salienta ainda a importância de as empresas utilizarem estratégias para lidarem com o risco. “A utilização de ferramentas que mapeiam a cadeia de abastecimento pode ajudar as empresas a começar a compreender onde estão as lacunas de informação e a começar a preenchê-las. Um terço das empresas do setor afirmou que a utilização de software de cartografia da cadeia de abastecimento estava entre as medidas que teriam um impacto benéfico na gestão dos riscos”.