A presença online que, nos primeiros tempos da pandemia, começou por ser uma necessidade imposta ao comércio e aos seus moldes tradicionais, rapidamente se tornou numa oportunidade imprescindível para as empresas. Os dados do mais recente estudo da Economia Digital, indicam que o número de portugueses que faz compras online cresceu acima da média europeia nos três últimos anos.

Este crescimento exponencial do comércio eletrónico acabou por levar a constrangimentos no setor do retalho, que não estava preparado para enfrentar um aumento tão elevado do volume de encomendas, bem como à criação de uma expetativa no consumidor de conseguir aceder o mais rapidamente às suas necessidades de encomenda. Face a estas dificuldades e novos desafios impostos na logística do retalho, a oportunidade para uma vantagem competitiva esteve na capacidade de adaptação. No caso da Bairro, esta nova tendência surgiu como impulsionadora do negócio. A Bairro surgiu em 2020 para garantir a entrega rápida de produtos de supermercado e mercearia, com foco na qualidade da experiência do utilizador através da entrega rápida, baixo custo e alto padrão de qualidade de produtos.

Para que estas promessas de negócio fossem possíveis, a Bairro adotou soluções como a distribuição urbana, a criação de Dark Stores e a implementação de uma tecnologia de fulfillment. Mas em que consistem estas soluções?

As Dark Stores ou Centros de Micro-fulfillment são locais exclusivos que permitem o armazenamento, separação e envio de produtos online, servindo apenas como entreposto de apoio à operação logística. Ao contrário dos centros de distribuição tradicionais de grande dimensão e localizados longe das cidades, as Dark Stores têm uma menor dimensão, localizam-se em centros urbanos e assemelham-se a lojas comuns, mas fechadas ao público. Desta forma, após uma encomenda ser realizada, o estafeta desloca-se à Dark Store, recolhe os produtos e realiza a entrega em casa dos clientes de forma ultrarrápida devido à proximidade do centro de armazenamento ao local final da entrega.

Este modelo de negócio foi desenvolvido com a ajuda de tecnologia de fulfillment e automatização, um processo logístico que gere de forma precisa e eficiente os stocks em tempo real, desde a receção, armazenamento e processamento até a entrega ao destinatário. Desta forma e através desta combinação, foi possível corresponder às novas necessidades de rapidez e imediatismo dos consumidores que recorrem ao e- commerce.

Os Centros de Micro-fulfillment também influenciam na redução da pegada de carbono das operações de comércio eletrônico de várias maneiras e, por isso, funcionam como resposta à importância crescente relativa à preocupação climática. Uma das maneiras pelas quais estes centros reduzem as emissões de carbono é através da redução da distância entre o armazém e o local de entrega do cliente, pois como estão localizados nas áreas urbanas, onde a maioria dos clientes está localizada, conduzem a menos emissões por parte dos veículos de transporte. Além disso, os Centros de Micro-fulfillment são automatizados para separar e embalar pedidos de forma mais eficiente e usar menos energia do que os processos manuais. Esses pequenos Centros também são mais eficientes em termos de uso energia do que os grandes armazéns tradicionais.

Para que este modelo de negócio fosse desenvolvido, foi crucial ter empresas investidoras que acreditassem no seu potencial e que contribuíssem para o seu sucesso. Para a Bairro, a Pacific Capital Partners (PCP), ao acreditar na vantagem competitiva no mercado português e os seus planos de crescimento, contribuiu para que fosse possível dar um largo passo em direção àquele que será o futuro do quick- commerce. Ver que no último ano se multiplicaram as notícias acerca de investimentos em empresas cujo modelo de negócio se baseia nesta estratégia, demonstra que as entregas ultrarrápidas, principalmente a partir de pequenas Dark Stores urbanas, são uma tendência atual de e-commerce.

O futuro do e-commerce está em constante mudança e as empresas devem procurar adaptar-se às novas tendências para não perder a vantagem competitiva. A chave para o sucesso neste modelo é ter uma tecnologia avançada para gerir e rastrear o stock com eficiência, recorrendo à tecnologia de fulfillment e a sua respetiva automatização. À medida que o setor de comércio eletrônico continua a crescer, podemos esperar que mais retalhistas procurem adaptar este modelo nos próximos anos para garantir uma maior satisfação ao cliente e um serviço de qualidade.

Milana Dovzhenko | Cofundadora | Bairro