Ainda antes da celeuma em torno da construção do palco, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) tornou-se polémica porque ditava a deslocalização do terminal multimodal da Bobadela. Sem localização futura definida, certo é que à fatura final do evento há que acrescentar o custo da construção de um novo terminal e a subida generalizada dos preços das mercadorias, pois os custos logísticos vão forçosamente aumentar.

No último semestre de 2022 começaram a ser retirados os primeiros contentores e a serem transferidos para o terminal Norte, localizado junto à Valorsul, de forma a libertar espaço para a vinda do Papa Francisco ao encontro Jornada Mundial da Juventude.

É de relembrar que em abril de 2021, o Conselho de Ministros decretou a “sentença de morte” do chamado Interface de mercadorias da Bobadela, pretendendo reduzir o espaço servido por várias linhas ferroviárias a um terço. Desta forma, o Complexo Logístico da Bobadela vai ser alvo de obras de adaptação, ficando apenas operacional a linha encarnada do Parque Norte, que passa a receber em exclusivo todos os contentores que chegam de Sines, Lisboa, Setúbal e Leixões, até que a mesma seja extinta em 2026.

Castanheira do Ribatejo, Carregado, Rio Maior, Barreiro e Poceirão eram as cinco localizações apontadas pela Infraestruturas de Portugal (IP) para substituir, a partir de 2026, o atual Terminal de Contentores da Bobadela. Contudo, algumas já foram postas de lado.

Os operadores criticam a decisão do Executivo de António Costa e têm vindo a alertar para o impacto que a decisão terá no aumento do preço das mercadorias, pois independentemente da alternativa que se encontre aumentará a distância e consequentemente o preço do transporte.

Em declarações à SIC Notícias, o presidente executivo da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), António Nabo Martins, referiu que “o terminal da Bobadela era o melhor terminal rodoferroviário intermodal até da Península Ibérica. Era um terminal que tinha uma capacidade enorme para ter contentores e movimentar contentores”. Além da perda de competitividade, o responsável associativo alerta para a subida dos preços das mercadorias, estimando que o transporte de cada contentor possa mesmo chegar aos 100 euros.

Quanto ao futuro novo terminal intermodal de contentores, independentemente da localização, com as respetivas obras da rede rodoviária e ferroviária, especialistas contactados pela SIC adiantam que a construção do mesmo possa andar perto dos 100 milhões de euros.

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