De acordo com o recente estudo da JLL, dos 3.300 milhões de euros transacionados no mercado imobiliário empresarial em Portugal, o setor da logística representou uma fatia de 18% do valor, com cerca de 590 milhões, um crescimento acentuado face à média anual de 100 milhões de euros dos últimos três anos.

Ao nível do volume, estimam-se cerca de 450.000 metros quadrados, um decréscimo de 25% face a 2021, que a JLL justifica através “da escassez de oferta e dos constrangimentos no lançamento de novos produtos”, apesar da procura existir, especialmente ao nível de infraestruturas entre 3.000 e 5.000 metros quadrados. Devido à escassez da oferta e à grande procura, as rendas estão a aumentar, tendo as rendas “prime” (Alverca-Azambuja) atingido os 4,25€/m2.

Ao nível da localização, a procura está maioritariamente em zonas mais próximas dos consumidores, devido ao comércio online. Por outro lado, “a saturação das áreas mais consolidadas e a relocalização dos consumidores para a periferia têm feito emergir destinos como a Margem Sul do Tejo e em particular Montijo e Alcochete”, aponta o estudo.

Também neste ano deu-se a entrada de novos players, como as internacionais Montepino e Panatonni, aumentando a sofisticação e transparência do mercado.

Para 2023, a JLL aponta que “este segmento pode beneficiar das estratégias de relocalização dos hubs de produção e distribuição das empresas para mais perto do consumidor europeu. Contudo, é um mercado que continua marcado pela falta de oferta, com pressão sobre as rendas e emergência de zonas secundárias”, e “da parte dos ocupantes, há um maior foco nos custos operacionais, o que deverá aumentar a procura por ativos novos mais sustentáveis ou por ativos existentes requalificados”.

O CEO da JLL Portugal, Pedro Lancastre, nota que “iniciámos 2022 a pensar que seria um ano marcado pela recuperação pós-covid, mas o panorama mudou com um clima de guerra na Europa, inflação em níveis que não são vistos há 30 anos e taxas de juro a aumentar depois de anos negativas. Estas novas realidades têm, obviamente, impactos, incluindo a redução do poder de compra das famílias e das empresas e aumento dos custos de financiamento. Mas o facto é que o imobiliário português volta a ter um desempenho surpreendente numa conjuntura adversa. Destaco a absorção de habitação e de escritórios, mas também um ano recorde com volume de transações tanto a nível residencial como no imobiliário comercial”.