Um dos maiores riscos para a cadeia de abastecimento em 2023 continua a ser a escassez de semicondutores, segundo um relatório da Hubs. Além desse, segundo a mesma fonte, eis os principais riscos: congestionamento portuário, inflação que dificulta a procura, políticas de Covid na China e regulamentação sobre emissões de carbono.

Um dos maiores riscos para a cadeia de abastecimento em 2023 é o agravamento da escassez global de semicondutores, de acordo com um inquérito aos profissionais da indústria transformadora realizado pela Hubs, o “Supply chain resilience report 2023”. O inquérito foi desenvolvido em novembro de 2022 e foram 334 os profissionais inquiridos

O inquérito definiu cinco riscos da cadeia de abastecimento a ter em conta em 2023, liderados por preocupações como a escalada de tensões entre a China e Taiwan, que pudesse desencadear um conflito militar na região, destabilizando a Ásia. Este cenário poderia ter graves consequências para as cadeias de fornecimento globais, uma vez que Taiwan é um dos principais produtores de chips semicondutores, e as perturbações na sua capacidade de produção poderiam impedir a produção de smartphones, computadores, veículos, e outros aparelhos eletrónicos.

Os outros cinco principais riscos para 2023 incluíam: nenhuma solução rápida à vista para o congestionamento dos portos; a inflação poder perturbar as cadeias de abastecimento, causando incerteza na procura; o surgimento de casos de COVID na China poder dificultar as capacidades de produção e expedição; e novos regulamentos sobre emissões de carbono poderem levar a uma movimentação mais lenta das mercadorias.

As ameaças que se aproximam sucedem a um ano de problemas e disrupções várias nas cadeias de abastecimento para muitas organizações. O inquérito da Hub constatou que 76,6% das empresas sofreram alguma forma de perturbação externa na sua cadeia de abastecimento durante o ano passado. A principal causa dessa perturbação foi a escassez de material (60,9%), seguida pela COVID-19 (57%) e a questão de transporte/logística (52%). O resto da lista incluía: aumento dos custos energéticos, escassez de contentores, congestionamento portuário, catástrofes naturais, e guerras comerciais.

Parte dos problemas resultaram de uma tendência geral das empresas para procurarem lucros imediatos em detrimento da estabilidade a longo prazo. “Tradicionalmente, os incentivos ao lucro têm favorecido modelos de produção lean ou fabrico just-in-time (JIT). Embora esta abordagem tenha provado reduzir os custos a curto prazo e aumentar a eficiência, as suas vulnerabilidades tornaram-se cada vez mais evidentes face a crises globais, tais como a pandemia e a guerra na Ucrânia”, disseram os autores do relatório.

Em resposta a essa pressão, 70,1% das empresas tomaram medidas em 2022 para aumentar a sua resiliência na cadeia de abastecimento, segundo os resultados do inquérito. Por exemplo, 43,7% das empresas acreditam que o aumento do sourcing local ajudará a reforçar as suas cadeias de abastecimento em 2023.

“Quando as cadeias de abastecimento lean falham, as cadeias de abastecimento resilientes podem adaptar-se, diminuindo em última análise os impactos das ruturas e mantendo as coisas a funcionar”, constatou o relatório. “Uma cadeia de abastecimento resiliente está preparada para imprevistos, é capaz de reagir e recuperar rapidamente, e emergir mais forte após o evento. Embora muitas empresas acreditem que a resiliência da cadeia de abastecimento apenas implica a capacidade de gerir o risco, a verdadeira resiliência permite lidar com as ruturas e até mesmo beneficiar das mesmas”.

O mesmo documento aponta ainda cinco estratégias-chave para mitigar as perturbações e que passam por criação de autonomia; desenvolvimento da flexibilidade; diversificação geográfica; processos internos ágeis; e monitorização da cadeia de abastecimento.