A Alstom anunciou que se juntará à Engie para desenvolver uma solução a hidrogénio para o transporte de mercadorias, com base num vagão gerador equipado com uma célula de combustível capaz de alimentar locomotivas elétricas longe da catenária. O cliente vai ser a Nestlé Waters.

O novo sistema deverá entrar em serviço a partir de 2025, alimentando comboios de carga para a Nestlé Waters e espera-se que reduza as emissões de CO₂ em 10.000 toneladas por ano, quando comparado com a tração a diesel.

A Alstom diz que o vagão gerador será equipado com um sistema de célula de combustível de alta potência que funciona com hidrogénio renovável. Produzirá corrente que será alimentada à locomotiva elétrica por meio de um cabo de alimentação, permitindo-lhe funcionar sem uma fonte de energia suspensa.

A Engie fornecerá o hidrogénio renovável “através da implantação de uma cadeia de abastecimento inovadora”, diz a Alstom.

O vagão gerador será capaz de fornecer toda a energia requerida por uma locomotiva elétrica para transportar comboios de mercadorias em itinerários não eletrificados, o que constituirá uma alternativa 100% elétrica à tração a gasóleo, incluindo em serviços de carga de última quilometragem, e seria adequado para operações à escala nacional e europeia, diz a Alstom.

A partir de 2025, a Nestlé Waters implantará a nova tecnologia do hidrogénio para alimentar comboios de mercadorias que transportam água mineral desde a sua fábrica de engarrafamento em Vittel, no leste de França, até centros de distribuição em Arles e Montreuil-Bellay, cobrindo uma distância de 600 km e 760 km respetivamente.

“Na Nestlé Waters, favorecemos o transporte ferroviário de mercadorias sempre que possível”, diz Sophie Dubois, CEO da Nestlé Waters em França.

“Estamos muito orgulhosos deste projeto, uma vez que representa um investimento significativo da nossa equipa ferroviária para encontrar soluções inovadoras para responder ao desafio climático e ambiental. “A nossa ambição é acelerar a adoção do hidrogénio na indústria ferroviária e desenvolver soluções inovadoras e ecológicas, incluindo o transporte ferroviário de mercadorias”, diz Marc Granger, diretor de estratégia da Alstom.

O transporte ferroviário tem a pegada de carbono mais baixa de todos os principais meios de transporte. Apenas um oitavo da pegada de carbono das viagens aéreas e um terço das rodoviárias e embora seja já um modo de transporte muito sustentável, ainda há margem para melhorias e as oportunidades de oferecer soluções mais sustentáveis também podem crescer, como o prova esta parceria entre a Alstom e a Engie.

A colaboração entre as duas entidades não é nova, mas focava-se no transporte ferroviário de passageiros, de que é exemplo o Coradia iLint, o primeiro comboio movido a hidrogénio do mundo, que consegue percorrer 965 km com um único depósito.