A APLOG (Associação Portuguesa de Logística) entregou, em parceria com a Accenture, os Prémios de Excelência Logística nas suas diferentes categorias: Empresa, Academia e Start-Up. Em momentos como o que vivemos, a inovação e a melhoria dos processos da cadeia logística é fundamental para o sucesso das empresas.

A Europa viveu, ao longo das últimas décadas, numa economia de baixas inflações. No entanto, a realidade atual é muito diferente. O mês de setembro de 2022 registou uma inflação média na zona Euro de 9,9% (a mais baixa registada em França com 6,2% e a mais alta na Estónia com 24,1%) tendo Portugal registado 9,8%, Espanha 9% e Alemanha 10,9% (Fonte: European Central Bank Outubro 2022). Sendo esta a nova realidade impactante no dia-a-dia das empresas, é necessário começar a tê-la em conta, considerando o seu forte impacto nas cadeias de abastecimento.

Em primeiro lugar importa pensar sobre o aumento de custos. Os preços elevados da energia estão a criar notáveis disrupções, devido à redução das operações por parte de grandes players. Muitas empresas de produtos alimentares e de bebidas estão a enfrentar elevados aumentos no custo das matérias primas, resultado do aumento nos preços das commodity agrícolas. O índice do preço dos alimentos (FAO Food Price Index) atingiu o máximo histórico de 159,3 pontos em Março de 2022. Mesmo tendo descido nos últimos meses, continua superior a períodos homólogos de 2021. As interrupções no transporte e a escassez de mão de obra também contribuem para o aumento dos custos de transporte e de logística.

Por outro lado, é necessário considerar a escassez de materiais e serviços. A combinação de uma recuperação na atividade económica, pós pandemia, e tensão contínua de interrupções nas cadeias de abastecimento, gera pressão para a subida dos preços. No últimos dois anos, muitos setores de atividade foram, e continuam a ser, impactados pela escassez de chips. Esta realidade afeta uma ampla gama de bens e serviços, incluindo eletrodomésticos, telemóveis, computadores portáteis, impressoras, consolas de jogos, automóveis, aviões, dispositivos médicos, entre muitos outros.

Num contexto particularmente desafiante para o dia-a-dia das empresas, os líderes questionam-se sobre possíveis pontos de melhoraria da rentabilidade ou de minimização dos impactos associados aos desafios atuais.

Os gestores podem agir rapidamente para conter o impacto da inflação na rentabilidade das suas operações. Como primeiro ponto, devem começar por avaliar detalhadamente a sua exposição contratual. Isto é, analisar, avaliar e decidir que elementos devem ser indexados ou não indexados. Outra medida a ser tomada é identificar possíveis fornecedores alternativos que proponham menores custos. Além destas ações mais imediatas, as organizações podem e devem responder à inflação aumentando a resiliência da sua cadeia de abastecimento.

Para tal, existem três aspetos críticos que devem ser considerados: visibilidade, previsibilidade e flexibilidade. Visibilidade sobre toda a cadeia logística, incluindo fornecedores Tier 1, 2 e 3, para que seja possível identificar e resolver problemas de fornecimento antes dos produtos e matérias-primas se tornarem escassos. Previsibilidade, utilizando cenários de Digital Twins, que possibilita replicar, de forma virtual, as operações logísticas de uma empresa, simulando o seu desempenho em cenários de inflação e volatilidade. Por fim a flexibilidade, que permite identificar fornecedores em duplicado, desenvolver redes logísticas alternativas ou mesmo criar configurações alternativas nos seus produtos. Isto leva a uma adaptação rápida às novas alterações logísticas. Se tiver dúvidas sobre o nível de resiliência da sua cadeia de abastecimento, considere o Resilience Test desenvolvido pelo MIT e Accenture. Este teste irá ajudá-lo a identificar as suas prioridades estratégicas e onde investir para obter o máximo de resiliência.

Muitos parabéns aos Vencedores.

Rui Pereira da Costa, Senior Manager de Indústria e Construção | Accenture Portugal