Nestes dias precisamos de responder-nos a nós mesmos, e desculpem o pleonasmo, a esta pergunta: vai ou não vai comprar um carro chinês? Não responda já! Deixe o seu preconceito mastigar a sua potencial resposta.

Nos anos 80 recordo-me de ouvir conversas dos mais velhos com as suas opiniões cheias de certeza, respondendo à mesma pergunta relativamente aos carros oriundos de uma marca da “República Checa”. Estávamos a falar da SKODA, com linhas bem vincadas, com um certificado de robustez soviética, que fazia os carros europeus corar em caso de acidente. Mas é facto que a marca foi rapidamente aceite no mercado português tendo construído o seu caminho na Europa, bem sei que neste caso em concreto o sucesso deve-se em muito ao facto de nos anos 90 a marca ter ficado debaixo da alçada do desenvolvimento do Grupo Volkswagen, mas isso não lhe retira o mérito. Do outro lado do mundo também nos chegou uma marca de carros que obrigou o pretensioso consumidor europeu a reduzir a lista de “contras” e, em contrapartida, aumentar a lista de “prós”. Estou a falar da Hyundai. Se lhe fizesse a mesma pergunta em 1985, que resposta me daria? Provavelmente a mesma que ouvi dos amigos do meu pai, à data: “um carro coreano? Nem pensar!”, “Carros do outro lado do mundo têm de ser japoneses!”, e assim seguiam as opiniões esclarecidas, não se sabe por quem, na década de 80.

A marca Sul Coreana ansiava por entrar no mercado europeu e para o seu sucesso contribuíram 4 motivos:

  • O primeiro deles estava à vista de todos, era inegável o design futurista e desportivo, a exemplo, o Hyundai Scoupe;
  • O segundo, na opinião dos amigos do meu pai, pois não deveriam ser os únicos a pensar da mesma forma, de tal maneira que a marca coloca em marcha o 3.º e 4.º motivos;
  • O terceiro motivo recai sobre o motor, o famoso Alpha, de A a Z, desenvolvido na casa Hyundai;
  • O quarto motivo, foi a extensão de garantia, uma novidade para a altura e um certificado de confiança.

Hoje se lhe perguntar que carro tem à porta, provavelmente é um das duas marcas dadas como exemplo e, com sorte, até é elétrico. Portanto, o caminho faz-se caminhando, como dizia o meu avô, e estas marcas souberam fazer o seu.

A questão que se coloca agora é se vamos comprar um carro chinês, ou não? Provavelmente é muito cedo para dizer que sim, mas perfilam-se marcas muito credíveis e de confiança no mercado asiático às portas da Europa. Por exemplo, a marca do regime, respeitada e de eleição para fazer transportar os governantes, a marca HONGQI trata o luxo e a elegância por tu, e elas respondem por “Sir.”

Outra marca muitíssimo avançada no processo é a AI-WAYS, marca de SUV’s elétricos, muitíssimo respeitada e com distribuição a cargo da ASTARA (empresa responsável por marcas como Mitsubishi, Isuzu e Kia), pelo que não faltará muito para o consumidor e os fabricantes europeus se debaterem com a inevitabilidade de querermos comprar um carro chinês.

Os Velhos do Restelo dirão:

– A manutenção desses carros vai ser um problema!

Os chineses já nos provaram que, se for necessário, conseguem erguer representações nos países de um dia para o outro, portanto, 旅途愉快。#志同道合

 

Henrique Germano Cardador – 恩里克 | Marketing & Sales Strategy