A Associação Portuguesa de Logística (APLOG) promoveu a 3.ª edição da conferência. Foi a semana passada, no Terminal de Cruzeiros de Leixões, que autarquias, organismos públicos, CCDRN e empresas refletiram em conjunto sobre o impacto que a logística e a última milha estão a ter na vida das cidades e como gerir a mudança.

Nas palavras de Raul Magalhães “A escolha de Matosinhos para receber esta 3.ª edição da Conferência não foi casualidade. Matosinhos é uma cidade que tem Porto, Aeroporto, grandes estruturas de comércio, Retalho, um canal Horeca fortemente desenvolvido, e tem também elevada densidade populacional. Esta combinação de fatores de alguma forma materializa os pontos de discussão da própria conferência e serve assim de pano de fundo ideal para a discussão sobre a evolução e desafios da logística nas cidades”.

O primeiro painel, sobre a sustentabilidade do e-commerce foi moderado por Pedro Barbosa, Professor de e-commerce e digital marketing na PBS e CEO da Wise Pirats e contou com a participação de representantes da Sonae MC, da DPD Group, dos Correos e da Leroy Merlin. A conversa abordou tópicos como o trade off entre conveniência e sustentabilidade, a importância da sensibilização e comunicação com os Clientes sobre os
temas das entregas e devoluções, e os impactos desses processos, a evolução da regulamentação e os desafios também ao nível do packaging.

O 2.º debate teve como oradores, representantes da Delta, da Luís Simões, da Lactogal e da Vonzu e a moderação ficou a cargo de Pedro Amorim da FEUP. Os tópicos de discussão andaram em torno da importância do last mile, da logística inversa e da micrologística quer na perspetiva dos clientes quer das empresas, abordando questões relacionados com o planeamento e otimização das rotas, a evolução e necessidade de uma economia circular e importância da otimização da logística inversa. Deixaram ainda, em jeito de pedido ao poder político, a vontade e necessidade de participação das empresas no desenho em conjunto de regulação e normas que ajudem na evolução da logística nas cidades, incorporando a logística urbana no planeamento global das cidades.

Soluções de Mobilidade Urbana foi o tema conduzido pela Ceiia, que juntou convidados da GALP, da Prio, da Mobi.e e da Mercendes Benz, em torno de tópicos como o aumento significativo dos postos de carregamento, a triplicar nos próximos três anos e a evolução dos veículos elétricos. Um futuro ainda com incertezas, mas com uma visão clara da combinação de múltiplas fontes de energia, juntamente com regulação cada vez mais apertada
sobre a circulação nos centros da cidades e regras de emissões para os veículos que vão circular nessas zonas.

A terminar, Susana Castelo da Tis, contou com o Presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, com a Vice-Presidente da CCRDN, Célia Ramos e com Sérgio Soares, CEO da Transdev para, em conjunto, trazerem a debate os seus pontos de vistas sobre os “Desafios para as cidades sustentáveis” depois de um dia em que a questão da logística das pessoas esteve em cima da mesa, a par com a logística das mercadorias, uma vez que o grande impacto da circulação nas cidades vem dos veículos particulares e por isso mesmo as otimizações da logística de última milha têm que ser trabalhadas em paralelo com soluções de mobilidade que reduzam o tráfego nos centros urbanos.

Para tal, é fundamental abordar os aspetos das infraestruturas e também dos meios de transporte. O atual programa de ordenamento do território, que tem já em consideração alguns destes temas da logística, mas que deverão ser naturalmente articulados com municípios e com outros agentes económicos numa discussão mais alargada e colaborativa.

“Vivemos numa época desafiante em que os clientes valorizam a conveniência “aqui e agora” mas, por outro lado, valorizam também as cidades com menos trânsito, poluição e ruído. Estes desafios requerem debate e planos de intervenção alinhados entre os vários agentes económicos – Governo, Autarquias, Empresas e todos os que operam no setor.”, defendeu Raul Magalhães, Presidente da APLOG.