O secretário de Estado dos Assuntos Europeus afirma que Portugal voltará a reexportar gás para os portos do centro e norte da Europa, dentro de poucos meses, através do Porto de Sines em “barcos mais pequenos”.
De acordo com Tiago Nunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, em declarações ao Jornal Público, em poucos meses será possível iniciar a operação de transbordo do gás que chega ao Porto de Sines, em grandes navios e proveniente de várias origens, e reexportá-lo em “barcos mais pequenos” para os portos do centro e do norte da Europa. Graças à sua dimensão será possível desbloquear o acesso congestionado dos portos do centro e norte da Europa.
Como já tinha sido mencionado em agosto pelo primeiro-ministro português António Costa, enquanto o projeto do gasoduto da Península Ibérica para a Europa não está terminado, o Porto de Sines pela sua localização estratégica “poderá ser utilizado como plataforma logística para acelerar a distribuição de Gás Natural Liquefeito (GNL) para a Europa”.
Desta forma, Portugal e Espanha de modo a resolverem o problema na ligação da Península Ibérica à Europa, com França a colocar obstáculos à passagem pelos Pirenéus, estão a ponderar um novo caminho através de Itália que terá de ser validado pela União Europeia. Olaf Scholtz, chanceler alemão, tornou-se num dos defensores desta ligação pan-europeia de abastecimento de gás para a UE, nomeadamente para a Alemanha.
Assegurar a entrega de gás em Portugal
Para que este processo ocorra, será necessário assegurar a entrega de gás em Portugal. Neste sentido, de acordo com as notícias divulgadas pelos jornais Expresso e Público, o secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, e o presidente da Galp, Andy Brown, deslocaram-se esta semana à Nigéria para garantir o cumprimento dos contratos de longo prazo para entrega de gás natural liquefeito (GNL) a Portugal.
É de ressaltar que a Nigéria é, atualmente, o principal fornecedor de gás a Portugal, com uma quota de 55% até julho. Segundo o Expresso cargas de gás nigeriano já chegaram a Portugal, ao abrigo dos contratos de longo prazo da Galp (conhecidos por take or pay), que foram desviadas para outros países. Sabe-se também que a Nigéria tem registado diversos roubos de petróleo de oleodutos, o que tem causado constrangimentos também na logística de transporte de gás até ao enchimento dos navios que levam o GNL aos clientes da Nigéria.