O stress nos últimos dois dias de férias é progressivo e inversamente proporcional à vontade de voltar ao trabalho. É este o sentimento que os trabalhadores têm quando não fazem o que gostam ou quando fazem, mas têm um ambiente de trabalho nocivo.

No final das férias devemos ter o sentimento de baterias recarregadas e vontade redobrada de vencer os desafios que teremos pela frente. Contudo, muitas vezes, o que acontece é exatamente o contrário. Muitos trabalhadores sentem que estão a gastar os melhores anos das suas vidas a fazer F4 F5, numa empresa que não lhes apresenta horizontes.

Existir uma estratégia de recursos humanos é vital para que um trabalhador possa inverter este sentimento, pois, note-se, que o facto de um trabalhador estar a fazer uma tarefa que não o realiza pode não ser culpa da empresa, mas o ambiente em que este trabalhador está diariamente, é!

As empresas e as organizações devem olhar para o departamento de recursos humanos com o mesmo respeito com que olham para os departamentos que incrementam as vendas dos produtos ou serviços vendidos, o que invariavelmente não acontece, e se o departamento de RH não fizer o seu trabalho, e não estou só a pensar na marcação de faltas, verificação de férias ou salários, a falha de todo o processo irá impactar nas margens conseguidas.

As empresas devem realizar planos de progressão nas carreiras, o que não significa que no final do ano sejamos todos chefes e diretores. Os planos de progressão nas carreiras servem para criar um compromisso entre o trabalhador e a empresa, em formato de middle year review, ajudam as duas partes a reestruturar os objetivos propostos, de forma a conseguirem alcançá-los com sucesso.

Estas férias, falei com muitas pessoas de vários estratos sociais e quadros de várias empresas e sou capaz de arriscar, num estudo da beira da piscina, em que 1 em cada 3 pessoas não está a fazer o que gosta, 2 em cada 3 tem um ambiente de trabalho tóxico, e 2 em cada 3 não tem um plano de carreira na empresa ou organização onde trabalha.

Existem muitas formas de compensar o trabalhador pela dedicação à empresa, Maquiavel dizia algo do género, se fizeres o mal, fá-lo de uma vez, mas se fizeres o bem fá-lo dividido em várias partes, pois o povo tem tendência para esquecer o bem que lhe fazes. Dito isto, para quem o salário emocional é o problema, as empresas têm múltiplas formas de estar presentes na vida dos trabalhadores e familiares, sem gastar nenhuma fortuna. Para quem o salário monetário é o problema, as empresas correm o risco de perder os seus melhores ativos, pois este momento de inflação é o melhor momento para trocar de trabalho, aproveitando um aumento salarial, pois quando a inflação passar, estes trabalhadores terão um novo aumento sem ter de pedir o que quer que seja à nova empresa.

Por vezes, as empresas e organizações têm de mudar para que não percam os seus melhores ativos. Mas as empresas são pessoas e essas pessoas também são trabalhadores e também têm superiores hierárquicos. O que quero dizer com isto é que o ambiente, o salário emocional, o monetário, são importantes e, para que tudo continue a fazer sentido, é necessário mudar. É necessário ter prazer em manter-se em constante mudança e aperfeiçoamento.

Henrique Germano Cardador – 恩里克 Marketing & Sales Strategy