O ministério espanhol dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana (MITMA) lançou um projecto-piloto para testar a viabilidade da utilização da ferrovia na importação de cereais da Ucrânia. O comboio da Renfe Mercancias partiu de Madrid no dia 9 de agosto e deverá regressar a Espanha (Barcelona), com 600 toneladas de milho, nos primeiros dias de setembro. Em estudo, com esta iniciativa, está a viabilidade técnica e económica do transporte regular de cereais da Ucrânia através do sistema ferroviário que atravessa a Europa desde Lodz, Polónia, até Barcelona.
O projeto-piloto vai transportar 600 toneladas de milho e para isso a Renfe Mercancías lançou um comboio com 25 contentores de 40 pés, cujo interior foi adaptado com grandes sacos especiais para o transporte de cereais. Os contentores partiram de Madrid para Chelm e regressarão a Barcelona no início de setembro através da autoestrada ferroviária que atravessa a Europa.
A invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, que já dura há quase seis meses, perturbou gravemente as exportações ucranianas de cereais, dificultou as colheitas e prendeu cerca de 22 milhões de toneladas de trigo e outros produtos agrícolas nos portos ucranianos do Mar Negro. O projeto agora lançado procura demonstrar a viabilidade técnica e económica do transporte ferroviário de cereais como alternativa e/ou complemento ao transporte marítimo, numa altura marcada pela guerra na Ucrânia mas também por incidentes e congestionamentos em muitos portos.
Do ponto de vista operacional, a rota de ida é Madrid – Ludwigshafen – Duisburg – Lodz – Chelm, enquanto o tráfego de regresso é Chelm – Lodz – Duisburg – Barcelona Can Tunis, através da autoestrada ferroviária, que envolve uma viagem de aproximadamente 2.400 quilómetros.
Em termos de logística do transporte a ser realizado entre a Ucrânia e Espanha, está previsto que as mercadorias sejam transferidas em Chelm (Polónia), a 25 quilómetros da fronteira ucraniana.
Os contentores, cujo interior foi adaptado com “liners” (grandes sacos especiais para transporte de cereais) deixaram a estação de Abroñigal em Madrid na noite de dia 9 de agosto, com destino à cidade polaca de Chelm, onde se espera que chegue esta semana. Ali, o milho será transferido para contentores da Renfe Mercancías para posterior transferência para o terminal utilizado pelo operador logístico Kombiverker, em Lodz. A transferência entre Lodz e Chelm é efetuada pelo operador ferroviário polaco DBP.
Uma vez carregados os contentores, o comboio circulará em bitola padrão (UIC) desde Lodz até Barcelona Can Tunis, como destino ferroviário final. A partir do terminal de Barcelona, a mercadoria será transportada até ao cliente final. A previsão de chegada é para o início de Setembro.
A Renfe disponibilizará também as suas 252 locomotivas para facilitar a tração desde Le Soler (França) até Barcelona.
As primeiras etapas deste projeto-piloto coincidem com a reabertura dos portos do Mar Negro e das rotas marítimas de cereais supervisionadas pela Turquia e pelas Nações Unidas. Assim, a viagem de ensaio será feita com 600 toneladas de milho, um volume inferior ao inicialmente previsto, mas igualmente importante para verificar a viabilidade de uma solução ferroviária liderada por Espanha como apoio ou complemento ao transporte marítimo, ou seja, analisar as capacidades do transporte terrestre que podem ajudar o transporte marítimo, utilizando auto-estradas ferroviárias em coordenação público-privada com as indústrias de transporte e gestão de matérias-primas na União Europeia (UE).
FOTO: MITMA