O surgimento da pandemia exibiu todas as debilidades das atuais cadeias de abastecimento, realçando a interdependência entre as empresas e as várias artérias do globo, no que diz respeito ao fornecimento de bens e serviços.

Previamente à atual crise da Ucrânia, as grandes dificuldades consistiram na escassez de microchips e as suas consequências nas várias indústrias, nomeadamente, nos portos marítimos, provocando problemas nos contentores e custos de transporte e, por último, a escassez/aumento de preços das matérias-primas. 

Ao longo dos últimos tempos, as interrupções têm sido diversas e, tendo em conta estudos recentes, prevê-se que o tecido empresarial poderá vir a enfrentar estas crises a cada quatro anos. Nos últimos dois anos assistimos à Covid-19, no entanto importa salientar que estão presentes outros fatores que podem vir a causar adversidades, como os riscos cibernéticos, questões geopolíticas e climáticas.

Todos estes fatores originam consequências óbvias, tais como a redução de vendas. Contudo, o tecido empresarial deverá ter em atenção os consequentes aumentos do custo de produção e possibilidade de não conseguir dar resposta ao cumprimento de compromissos com os seus clientes, que consequentemente coloca em causa a sua imagem e confiança no mercado em que atua.

Considerando a instabilidade existente será necessário reinventar as cadeias de abastecimento, uma vez que 30% do valor agregado total na zona euro está dependente de cadeias de abastecimento transfronteiriças funcionais. Esta reinvenção surge no intuito de evitar que a Covid-19 e o conflito Ucrânia-Rússia aumentem a quantidade e duração de todas estas disrupções.

A reinvenção irá basear-se no melhoramento da eficiência energética e na transição para fontes de energia verde. Outra alteração será a otimização de fluxos, referente à ocupação máxima das cargas nos veículos, e, em consequência, será reduzida a quantidade de recursos em circulação. 

Estas medidas irão possibilitar manter o pulmão logístico do nosso planeta, tornando-o mais saudável e duradouro.

Importa salientar outro aspeto basilar que é a capacidade das organizações em atrair, reter e efetuar o reskill/upskill (a requalificação e reforço de conhecimentos, respetivamente) dos seus recursos humanos.

Anteriormente ao conflito entre Ucrânia e Rússia, estava prevista uma normalização na supply chain após o segundo trimestre deste ano. No entanto, a normalização estará dependente da evolução deste mesmo conflito.

A estabilização de todas estas incertezas, irá viabilizar enormes ganhos de produtividade e eficiência, tornando normal ou substancialmente mais valioso o rendimento operacional.

A todos os leitores continuação (ou não) de boas férias!

Fábio Magalhães, Central Material Planner I  Forvia (Faurecia) Portugal