O CEO da Galp, Andy Brown, admitiu que a petrolífera não está a receber os volumes contratados de gás que eram supostos. Esta confidência foi feita nesta terça-feira depois de apresentados os resultados do primeiro trimestre.

O acionista para contornar o problema e “lidar com restrições persistentes nas entregas de gás”, garante que pôs “em prática medidas de mitigação como reduzir o consumo na refinação” e apesar de o abastecimento do mercado nacional não estar em risco, o CEO da Galp adverte: “prevemos que isto continue a acontecer ao longo do ano. Estamos ativamente a diversificar as nossas fontes. No próximo ano vamos começar a receber gás dos EUA”. Apesar disso, alerta que as exportações de diesel podem vir a ser afetadas devido às quebras de contratos existentes.

De acordo com Andy Brown, a empresa conseguiu “sobreviver aos primeiros três meses do ano” sem comprar volumes adicionais de gás, uma vez que no quarto trimestre do mês do ano passado a empresa comprou volumes a preços mais altos, o que originou perdas. Assim, “conseguimos evitar isso no primeiro trimestre e vamos continuar a tentar evitá-lo nos próximos trimestres, mas não será fácil”, garante. O presidente executivo da Galp relembra que os preços do gás natural estão “quatro vezes mais caros” do que o ano passado, admitindo que “Este trimestre evitámos fazê-lo. Foi apertado. Estamos a olhar para outros fornecedores nos mercados europeus e do Médio Oriente. Em maio e junho já teremos novos contratos”.

É de salientar que o ministro das Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, se reuniu com Andy Brown em Lisboa no mês de fevereiro, de modo a convencer as empresas nacionais a investirem nas oportunidades geradas pelas energias renováveis. Contudo, Andy Brown logo reconheceu a dificuldade que é transformar o gás brasileiro em GNL para o trazer para Portugal.

Quanto ao mecanismo de exceção ibérica, Portugal e Espanha estão ainda a fechar entendimento com o objetivo de estabelecer um mecanismo temporário que permitirá fixar o preço médio do gás nos 50 euros por MWh. A Galp reconhece assim que impor um teto máximo ao valor do gás usado para gerar energia “vai limitar o nosso preço durante 12 meses”.

Brown explica que existe uma posição ambivalente no que diz respeito a este acordo: “para nós significa que recebemos menos pela energia gerada. Mas, ao mesmo tempo, ter a eletricidade mais barata para vender aos nossos clientes também é atrativo”.