A empresa brasileira Move3 adquiriu a Go X Crossborder, uma start-up lisboeta especializada em soluções para internacionalização e gestão de comércio eletrónico, da qual era parceira há dois anos. Embora o valor do negócio não tenha sido revelado, sabe-se que foi parte de um investimento de 50 milhões de reais (cerca de 10 milhões de euros) da holding destinada a fusões e aquisições em 2022, e a empresa avança que deverá anunciar outra compra em breve.
O Grupo Move3 entrou em Portugal em 2020, com a Moove+ Portugal, e com a compra da Go X Crossborder, que detém um Marketplace que entrega produtos brasileiros em 28 países da Europa, pretende reforçar esse compromisso e antecipa uma receita no valor de 1,1 mil milhões de reais (cerca de 220 milhões de euros). Entre os seus clientes estão grandes empresas, como Itaú, Nubank, Arezzo, Havaianas e indústrias farmacêuticas. Cá, a Moove+ Portugal era responsável pela logística das empresas parceiras da GoCross, enquanto a start-up atuava nas áreas de armazenamento e fulfillment da subsidiária portuguesa.
Guilherme Juliani, CEO da Moove+, nota que este investimento em Portugal é, na verdade, um investimento em toda a Europa, “inclusive para clientes brasileiros da carteira nacional do grupo interessados em internacionalizar a sua marca”.
Por sua vez, Guilherme Andrada, Managing Partner & Founder da Go X Crossborder, considera que as marcas brasileiras têm potencial para explorar o mercado europeu, especialmente numa época em que o aprovisionamento dos mercados asiáticos apresenta alguns problemas. “O eCommerce europeu é 24 vezes maior que o brasileiro e 30% dele é de cross border (comércio transfronteiriço online). Com o real desvalorizado, o facto de não haver incidência de imposto para exportação e o poder de compra elevado do público europeu, os produtos de vestuário brasileiros podem ser muito competitivos”, considera o sócio-fundador.
A Moove+ Portugal está a expandir o seu centro de distribuição em Portugal para 3,5 mil metros quadrados, mas diz que a operação europeia ainda não tem demanda para grandes investimentos em maiores espaços físicos. No Brasil a empresa já se encontra a investir numa expansão com automatização, contando com um investimento de 70 milhões de reais (cerca de 14 milhões de euros).