A guerra despoletada pela Rússia com a invasão na Ucrânia está a deixar este país em ruínas, bem como o seu povo que já se viu obrigado a procurar refúgio nos países vizinhos. Com este cenário devastador, a Rússia não sai impune desta guerra, tendo vindo já a sofrer muitas sanções impostas pela União Europeia que têm impactado significativamente a economia russa.

A Rússia já era um destino onde as exportações portuguesas não tinham grande expressão. Com a guerra, esta situação já se agudizou. Não há transportes, as encomendas foram canceladas e as vendas à Rússia desapareceram em muito pouco tempo. Há cada vez mais empresas a quebrar laços com este país, seja por obrigação ou opção, independentemente dos setores, segundo o jornal Público.

Apesar de ser um país com pouca expressão para os negócios estrangeiros de Portugal, há empresas, como a Mocapor, que considerava a Rússia como um mercado a explorar. Esta é uma das 574 exportadoras portuguesas para a Rússia, de acordo com os registos da AICEP. O jornal Público contactou 200 das 250 empresas com maior volume de vendas para este país, e averiguou que a o corte de relações com a Rússia é total.

Jorge Rodrigues, administrador financeiro da Mocapor, afirma que a empresa mantém “um contacto próximo com os clientes russos”, mas o “risco logístico e as sanções” forçaram a paragem, ou seja, têm falta de operadores, em terra ou mar, e a instabilidade geopolítica reflete-se no transporte internacional.

Na mesma situação encontra-se a J. Neves & Filhos (JNF), Comércio e Indústria de Ferragens, de Gondomar, que tem “encomendas pendentes preparadas para sair” e clientes “desesperados” na Rússia, refere Nélson Almeida, diretor de exportação. Nestes casos, o problema já nem é a exclusão do país do sistema de comunicações SWIFT, mas sim o transporte, como explica o responsável, “o problema não é o pagamento, pois é possível ainda fazer transações internacionais, mas sim unicamente o transporte. Não há transportes para a Rússia, nem aéreos nem marítimos, o que torna impossível o envio”. Nélson Almeida garante que a empresa está “disponível para recomeçar a boa relação comercial que havia, assim que for possível”.

Por sua vez, na Julipedra, uma empresa de exploração de pedreiras com quartel-general na Benedita, em Alcobaça, o cenário é semelhante. Sérgio Figueiredo, gestor de vendas, conta que “depois de anos de investimentos em parcerias estratégicas neste difícil mercado, a nossa atividade para a Rússia estava a atingir a velocidade cruzeiro” e havia “produtos já especificados para um grande leque de projetos” nos quais previam “aumentar o volume de negócios” com a Rússia. Neste momento as exportações estão “suspensas por questões logísticas”, por tempo indeterminado.

O setor dos vinhos também vai sofrer com esta interrupção, sendo que representa a quarta categoria de produtos mais exportados para a Rússia. Os produtores portugueses já estão a sentir este impacto, tendo alguns já suspendido as encomendas e travado as exportações.