A Crédito y Caución prevê que as insolvências mundiais aumentem 33% em 2022. De acordo com o mais recente relatório divulgado pela seguradora de crédito, o ainda baixo nível de insolvências registado este ano deve-se à prorrogação das medidas fiscais e à continuação das moratórias na aplicação da legislação sobre insolvências em muitos países.

Por regiões, regista-se já um aumento na Europa em 2021, enquanto a América do Norte e a região da Ásia-Pacífico ainda denotam um relativo atraso. A partir de 2022, a Crédito y Caución prevê uma clara recuperação das insolvências nas três regiões devido ao fim dos estímulos fiscais e ao possível endurecimento das políticas monetárias resultante das crescentes pressões inflaccionistas. “Está claro que, a curto prazo, a eliminação das ajudas poderá constituir um desafio para algumas empresas, na medida em que têm que voltar a operar num quadro de mercado sem apoios públicos significativos. Algumas são especialmente vulneráveis dado que se endividaram mais para sobreviver à pandemia do coronavírus”, explica o relatório.

Contrariamente aos receios surgidos no início da pandemia, as insolvências empresariais apresentaram uma redução de 14% em 2020. Nesse ano, França, Bélgica, Itália ou Espanha promulgaram leis que congelaram temporariamente os procedimentos de insolvência. Os países que introduziram menos alterações na sua legislação, como a Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Irlanda, Japão ou Estados Unidos, registaram uma descida menos acentuada nas insolvências. As medidas de estímulo fiscal também desempenharam um papel crucial para conter as insolvências na Alemanha, França, Áustria, Bélgica, Países Baixos, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Austrália ou Japão.

Em 2021, previa-se um incremento das insolvências a nível mundial, mas o prolongamento dos apoios fiscais em muitos países conteve os seus níveis. No entanto, os dados também sugerem que se criou uma bolsa de empresas financeiramente fracas que não conseguirão sobreviver quando as circunstâncias económicas normalizarem.

A Crédito y Caución prevê que as denominadas empresas “zombies” materializem as suas falências nos quatro trimestres posteriores ao termo dos estímulos fiscais. Esta retirada dos incentivos fiscais já se verificou em alguns mercados como o Brasil, Turquia ou Rússia. Noutros casos, como a Austrália, Irlanda, Japão, Espanha ou Suécia, manter-se-ão até ao quarto trimestre de 2021 ou inclusive, como é o caso da Coreia do Sul, até ao segundo trimestre de 2022.

De acordo com as previsões daquela entidade, no fecho de 2022 as falências terão aumentado na maioria dos mercados em comparação com os níveis anteriores à pandemia. Este incremento será especialmente assinalável em Itália (34%), no Reino Unido (33%), Austrália (33%), Finlândia (29%), Singapura (28%), Espanha (26%), Países Baixos (26%) e França (23%). Em Portugal, o incremento será de 14%.

Durante este período, a Alemanha mostrará uma evolução das insolvências relativamente estável (2%) e, em menor escala, a Suécia (3%), Japão (4%) ou Estados Unidos (6%). O Brasil (-35%), a Coreia do Sul (-15%) e a Irlanda (-10%) serão os únicos mercados que, em 2022, apresentarão valores de insolvência substancialmente inferiores, comparativamente com os registados em 2019.