A mudança já é uma constante na indústria marítima e portuária que está mais uma vez à beira de uma nova era impulsionada pelo aumento da digitalização e da inovação e potenciada pelos dados disponíveis. É algo natural, que devido à morfologia de nosso planeta, a maior parte do comércio internacional ocorre por via marítima. Colocando os portos no cruzamento de muitas atividades, de modos de transporte e partes interessadas, tornando-se ativamente um hub digital. 

Fazendo uma retrospetiva, conseguimos ver que este papel único é de longa data no contexto histórico de fluxo de informações.  Na verdade, documentos fenícios, datados de 1110 a.C., registram transações comerciais dentro da rede fenícia de portos mediterrâneos. De muitas maneiras, esta antiga rede de portos, juntamente com esse sistema de manutenção de registros, podemos considerar uma forma inicial de centros de informações geograficamente delimitados em cadeias logísticas globais. 

Os portos são estruturas dinâmicas que estão sempre renovando seus sistemas técnicos de acordo com a lógica produtiva de cada momento histórico. O porto do futuro é um Smart Port e o navio do futuro é Smart Ship. Um futuro com uma maior integração de sistemas que trocam dados automaticamente, usando AI. Já temos hoje portos como grandes referências nesta rota, como, por exemplo, os Top 5 Smart Ports:

  1. Porto de Xangai (China)
  2. Porto de Singapura (Singapura)
  3. Porto de Roterdão (Holanda)
  4. Porto de Los Angeles (Estados Unidos)
  5. Porto de Hamburgo (Alemanha)

No entanto, antes de ficar Smart, todo o ecossistema tem de se tornar Digital e Interligado. Hoje as conectividades digitais e físicas andam de mãos dadas, os portos podem beneficiar aproveitando das oportunidades decorrentes da digitalização e integração de dados,  alavancando o conhecimento externo, envolvendo as partes interessadas, criando novas âncoras para a tomada de decisão, reduzindo o risco de certos investimentos, impulsionando produtividade e diminuição de custos, acelerando a transição verde e a transição digital, gerindo possibilidades para otimizações e operações just-in-time. No estudo recente publicado pela ESPO (European Sea Ports Organisation), podemos ler que ao se unirem os portos, alavancam conhecimento externo e reduzem os riscos de certos investimentos. 

Integração, Colaboração e Evolução são palavras de ordem. Só assim do presente Digital podemos passar para um futuro mais Smart.

Valentina Chkoniya, investigadora e professora | Universidade de Aveiro