A indústria de tecnologia precisa de investir 2,4 mil milhões de euros na cadeia de valor para dar resposta ao incremento da procura mundial de semicondutores (ou chips), segundo um relatório da consultora BCG noticiado pelo jornal ECO.

O estudo refere que “nos próximos 10 anos, a indústria irá precisar de investir cerca de três mil milhões de dólares em investigação e desenvolvimento e ‘capex’ em termos globais ao longo da cadeia de valor para responder ao aumento da procura de semicondutores”.

Os chips são componentes que fornecem a funcionalidade essencial para os dispositivos electrónicos processarem, armazenarem e transmitirem dados, sendo a sua cadeia de fornecimento a espinha dorsal da economia digital.

A procura por semicondutores aumentou substancialmente com o impacto da pandemia e com a aceleração da digitalização, resultando numa escassez de fornecimento. De acordo com o relatório, “a indústria e os governos devem colaborar para continuar a facilitar o acesso mundial aos mercados, tecnologias, capital e talento e tornar a cadeia de abastecimento/fornecimento resiliente”.

Embora a especialização geográfica tenha servido bem ao sector, “também cria vulnerabilidades que cada região precisa avaliar de uma maneira específica para as suas próprias considerações económicas e de segurança”. Existem mais de 50 pontos na cadeia de abastecimento onde uma região detém mais de 65% da quota do mercado global, ainda que o nível de risco associado a cada um deles varie.

O estudo salienta ainda que “cerca de 75% da capacidade de produção de semicondutores, como também muitos fornecedores de materiais chave – como bolachas de silício e outros – estão concentrados na China e no Leste da Ásia, uma região significativamente exposta a elevada actividade sísmica e tensões geopolíticas”. Além disso, “toda a capacidade de produção de semicondutores mais avançada do mundo – em nós abaixo de 10 nanómetros – está actualmente localizada na Coreia do Sul (8%) e em Taiwan (92%)”.

Segundo a BCG estes “são pontos únicos de falha que podem ser interrompidos por desastres naturais, paralisações de infra-estruturas ou conflitos internacionais, e podem causar severas interrupções na cadeia de fornecimento de chips”. Além dos riscos associados à concentração em certas localizações geográficas “as tensões geopolíticas podem resultar em controlos de exportação que prejudicam o acesso a fornecedores críticos de tecnologia, ferramentas e produtos essenciais que estão agrupados em determinados países”.

A solução para estes desafios “não é a busca da auto-suficiência total por meio de políticas industriais nacionais em larga escala, com custo exorbitante e viabilidade de execução questionável”, mas, “em vez disso, a indústria de semicondutores precisa de políticas direccionadas diferenciadas que fortaleçam a resiliência da cadeia de fornecimento e expandam o comércio aberto, ao mesmo tempo em que equilibram as necessidades de segurança nacional”.